A agressão a professora Marcia Frigg, em Santa Catarina, serviu de mote para reflexão, nas redes sociais, sobre os riscos da profissão no Brasil de hoje. Marcia Friggi relatou ter recebido uma sequência de socos depois de ter expulsado um estudante de sala por mau comportamento. O caso aconteceu no Centro de Educação de Jovens e Adultos (Ceja) da cidade de Indaial, em Santa Catarina. Em seu Facebook, Marcia afirmou que uma discussão começou depois que ela pediu que o aluno colocasse um livro sobre a mesa. Eu coloco o livro onde eu bem quiser, teria sido a resposta do adolescente. A professora contou que o aluno a xingou e, em seguida, foi expulso de sala. Ao acompanhar o aluno, a professora acabou sendo agredida com uma sequência de socos.
O magistério já é profissão de altíssimo grau de periculosidade, afirmou o jornalista Germano Barbosa. A poeta e escritora Micheliny Verunschk comentou: Das coisas que eu gostaria de de ler: que o ovo atirado em Bolsobosta é uma violência equivalente à sofrida pela professora que teve o rosto partido por um aluno. E mais: que por ela, como tantos, ter vibrado com o ovo-vaia, a violência que ela incitou se voltou contra ela. Em que lugar perdemos as ligações cognitivas?. O professor Derley Alves lamentou: E teve gente aplaudindo agressão à professora. Pense uma tristeza.
Poeta, escritor e historiador, Bruno Gaudêncio, que também é membro da Academia Campinense de Letras, comentou: Toda solidariedade a professora e poeta Marcia Friggi, brutalmente agredida por um dos seus alunos ontem no interior de Santa Catarina. Sua denúncia e revolta vêm mobilizando muitos professores no sentindo de problematizarmos os riscos que corremos cotidianamente no ambiente escolar devido a bárbara violência, infelizmente uma marca terrível destes tempos sombrios. Força poeta!
Já a professora Vera Esther Ireland fez a seguinte reflexão: Ninguém (não importa se é aluno ou não) tem direito a fazer isso. Mas eu estou furiosa com a professora também. Ela precisava gritar por ajuda para que o brutamontes fosse contido, chamarem o Conselho Tutelar, os pais ou responsáveis, e ficar ali dando- lhe aula sobre civilidade, enquanto recebia primeiros socorros ou esperava a ambulância na frente dele. A menos que o brutamontes estivesse armado, a autoridade das professoras se dá pela palavra e é para ser exercida em toda e qualquer circunstância. Ao sair como vítima, a professora perdeu uma grande chance de se ver legitimada pelos outros alunos também. Sorry.
Já a música Tua Cantiga, de Chico Buarque, continua gerando comentários, a favor e contra, por causa dos versos em que o eu-lírico afirma que largaria tudo (mulher e filhos, inclusive) para ficar com a amante. Ontem, o escritor e professor Rinaldo de Fernandes, que já publicou três livros sobre o artista, anunciou que está produzindo um longo ensaio sobre Tua Cantiga para mostrar que as vozes que se pronunciaram contra a letra de Chico entenderam pouco ou quase nada do que ele quis dizer, e que tipo de personagem ele representa como sujeito poético de sua canção. Mas o resultado de minha pesquisa só o direi em novembro, quando irei proferir, na Universidade de Brasília (UnB), no V Simpósio de Crítica de Poesia do Grupo de Pesquisa Poéticas Contemporâneas (Vivoverso), a palestra Tua Cantiga, de Chico Buarque: Aspectos da Polêmica, Aspectos da Construção, informou. Enquanto a palestra não chega, o CD Caravana, de Chico Buarque, tem seu lançamento oficial confirmado para esta sexta-feira. É ouvir e curtir.
Linaldo Guedes