O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que neste final de semana marca presença na Paraíba, como parte da “caravana” que empreende por estados do Nordeste, reiterou em depoimento a Gianni Carta, para a revista CartaCapital, que não teme ser preso e afirma que foi condenado injustamente pelo juiz Sérgio Moro. “Sei que sou inocente e estou bem comigo mesmo. Tenho a consciência limpa. Fiz tudo o que pude pelo povo brasileiro. Nunca roubei um real. Não sou eu quem tem de provar minha inocência, são eles que têm de provar a minha culpa. Se eu for preso, será um absurdo”.
Lula ressalta que “outras pessoas inocentes foram encarceradas” ao longo do processo histórico, citando Nelson Mandela, líder das lutas contra o apartheid na África do Sul, e José Mujica. Adiantou que mesmo se ele for preso o Partido dos Trabalhadores continuará sendo uma agremiação preferida pelo eleitorado. O ex-presidente relata sua trajetória de dificuldades afirmando que comeu pão pela primeira vez aos sete anos. “Nosso café da manhã lá em Garanhuns era mandioca com café preto. Fiz bicos para ajudar a mãe faxineira. Virei operário, torneiro mecânico, líder sindical, fui preso durante greves dos trabalhadores e me tornei presidente da República”. O sindicalista João Pedro Stédile, em recente ato público, gritou: “É mais fácil o Lula prender o Moro que o Moro prender o Lula”.
Por sua vez, em artigo na CartaCapital, o colunista Marcos Coimbra, um dos fundadores do instituto Vox Populi, considera uma temeridade qualquer manobra no sentido de impedir que o ex-presidente Lula dispute a presidência da República em 2018. Ressalta que ele é o principal líder político brasileiro e o mais popular dos presidentes da história do país. “O ex-presidente é o candidato em quem cerca de 70 milhões de cidadãos pensam em votar. Em algumas regiões do país, suas intenções de voto, sozinhas, representam o triplo da soma dos oponentes. Impedir que ele concorra é uma intervenção absurda e gravíssima”. De sua parte, o colunista Maurício Dias assegura que toda a reforma política em discussão no Congresso objetiva a bloquear a candidatura do ex-presidente petista.
Maurício adverte: “Sem candidato competitivo para as eleições presidenciais, o PSDB fará esforços para defender qualquer mudança no sistema político-eleitoral que lhe permita ter chances de voltar ao poder sem apoio dos votos perdidos. “Os tucanos estão dispostos a sacrificar o presidencialismo. Capitaneado pelo senador José Serra, derrotado em duas eleições, tenta-se a introdução do parlamentarismo em substituição ao presidencialismo. A história do parlamentarismo por aqui, no entanto, não é um bom exemplo. Ele foi introduzido para sustentar a posse de João Goulart após a renúncia de Jânio Quadros. Jango não tolerou a algema. Para fugir da armadilha, armou um plebiscito e consultou a população sobre sua preferência pelo presidencialismo ou parlamentarismo. O parlamentarismo foi mandado para as cucuias. Aí veio o golpe militar de 64”, arremata Maurício Dias.
Nonato Guedes