Interlocutores do senador José Maranhão, presidente do diretório estadual do PMDB, afiançam que ele está cada vez mais empolgado com a chance de ser novamente candidato ao governo em 2018. O ex-governador tem deixado clara essa intenção em entrevistas e manifestações públicas de que participou nos últimos dias. Agora mesmo, em sua terra natal, Araruna, por ocasião de um evento, ele revelou que está sendo procurado por líderes políticos e eleitores com exortação para enfrentar o páreo do próximo ano. Em resposta, costuma salientar que não fugirá ao desafio, se evoluir a avaliação de que é importante a sua postulação.
Maranhão tem um histórico de disputas e passagem pelo Executivo paraibano. Em 1995, assumiu, como vice-governador, a titularidade do cargo em razão da morte de Antonio Mariz, que encabeçou a chapa vitoriosa no pleito de 94. Em 98, Maranhão comprou uma briga com o “clã” Cunha Lima, de Campina Grande, ao se declarar “candidato à reeleição”, aproveitando os benefícios de emenda aprovada pelo Congresso, originalmente para beneficiar o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. O ex-governador Ronaldo Cunha Lima insurgiu-se contra a pretensão de Maranhão, defendendo que o candidato natural seria seu filho, Cássio. Em consequência, o “clã” rompeu com o governo de Maranhão, passou a contestá-lo e migrou para o PSDB, legenda em que Cássio concorreu ao Palácio da Redenção em 2002 e foi vitorioso, derrotando o peemedebista Roberto Paulino.
Em 2009, Maranhão foi acionado pela Justiça a assumir o governo do Estado, completando o mandato de Cássio, que fora cassado pelo TSE. JM tinha encabeçado chapa nas eleições de 2006, tendo como vice Luciano Cartaxo, então filiado ao PT. A chapa foi a segunda colocada e, nos termos da lei, foi em razão disso que Maranhão e Luciano se investiram para complementar o mandato vigente a partir de 2007. Em 2010, Maranhão foi novamente candidato ao governo, mas perdeu para Ricardo Coutinho. Em 2014, apoiou Ricardo no segundo turno, na campanha dele à reeleição, e assistiu à derrota de Cássio Cunha Lima, enquanto, de sua parte, foi vitorioso na corrida pelo Senado. Fontes políticas do PMDB admitem, “em off”, que Maranhão está se sentindo motivado a disputar o Palácio da Redenção por duvidar das chances de crescimento do candidato que por enquanto é apoiado pelo governador, o secretário João Azevedo. No confronto com Luciano Cartaxo (PSD), também cogitado para se candidatar ao governo, Maranhão avalia que pode levar vantagem.
O governador Ricardo Coutinho, mesmo estando engajado na operação para viabilizar a postulação de João Azevedo, não fecha portas a um entendimento com Maranhão e o PMDB. Ressaltou, há poucos dias, que, divergências políticas à parte, nunca deixou de respeitar a liderança de Maranhão nem de reconhecer os serviços prestados por ele à Paraíba. Luciano Cartaxo, indiferente aos movimentos de bastidores de outros postulantes e outras agremiações, intensifica o cronograma de viagens por cidades do interior do Estado a pretexto de intercâmbio administrativo com outros gestores, mas, na prática, desenvolvendo contatos políticos com vistas a pavimentar uma provável candidatura ao governo em 2018.
Nonato Guedes