O deputado estadual Anísio Maia, do PT, descartou qualquer hipótese de apoio ao senador José Maranhão (PMDB) ao governo do Estado, se o peemedebista for realmente candidato em 2018. Anísio frisou que não sente à vontade na companhia de “políticos golpistas” que engendraram o impeachment da presidente Dilma Rousseff. “Com eles não subo ao palanque”, enfatizou, referindo-se diretamente a Maranhão, que é aliado do presidente Michel Temer, a quem os petistas condenam por atribuir-lhe participação em trama suposta para a derrubada de Dilma.
A presumida candidatura do senador José Maranhão a governador passou a ser admitida em hostes peemedebistas depois que o parlamentar sinalizou com a disposição para encampar tal pretensão. O recado de Anísio Maia, porém, foi entendido como um alerta ao governador Ricardo Coutinho (PSB) que pode vir a se sensibilizar com uma provável candidatura de Maranhão à sua sucessão. Ultimamente, Ricardo tem estreitado laços com o PT e tem sido solidário tanto quanto à ex-presidente Dilma quanto ao ex-presidente Lula – este alvo de condenação a nove anos e seis meses de prisão conforme sentença do juiz Sérgio Moro. No que diz respeito a Maranhão, o deputado petista rejeita apoio ou aproximação por entender que ele deu aval ao processo que defenestrou Dilma do Palácio do Planalto.
Ricardo, ao mesmo tempo, tem feito elogios a Maranhão como homem de espírito público, ressaltando que divergências porventura existentes com o líder peemedebista são sanáveis em nome de uma composição de interesse da Paraíba. Em termos concretos, o governador lançou a candidatura do seu secretário de Infraestrutura e Recursos Hídricos, João Azevedo, para a sua sucessão, argumentando que estaria tranquilo com a escolha dele pela certeza de que Azevedo daria continuidade ao projeto administrativo em andamento. Mas Coutinho mantém acenos a Maranhão, como manobra para evitar que ele arraste o PMDB para apoiar a virtual candidatura do prefeito de João Pessoa, Luciano Cartaxo (PSD). O próprio nome de Maranhão voltou a figurar na pauta dos “candidatáveis” em 2018. Maranhão exerceu o governo em algumas oportunidades. Com a morte de Mariz, em 1995, ele foi efetivado titular do cargo. Em 98, beneficiado colateralmente pela emenda da reeleição que teria sido engendrada pelo presidente Fernando Henrique, JM derrotou o clã Cunha Lima em convenções e assumiu o controle hegemônico do partido.
No âmbito do PT não faltam elogios ao governador Ricardo Coutinho, inclusive, em virtude da postura correta que ele tem tido com os ex-presidentes Lula e Dilma. Ainda na semana passada, Coutinho participou de ato público em que a estrela maior era Lula, ocasião em que foram retomados os ataques ao juiz Sérgio Moro, acusado de não ser imparcial no julgamento do ex-mandatário. Ricardo fez coro com as afirmações correntes entre opositores de Temer sobre ter sido “golpismo” a articulação que conduziu Dilma ao cadafalso, ou seja, à perda do cargo. E no que toca a Lula, o governador paraibano repudiou o que chamou de acusações sem provas formuladas contra ele, com o intuito claro de afastá-lo do cenário pela disputa à presidência da República.
Nonato Guedes