Djamila Ribeiro, que escreve na revista “CartaCapital”, assesta baterias contra o apresentador de TV e dono do SBT Sílvio Santos, afirmando que nos últimos tempos ele tem protagonizado atitudes machistas e desrespeitosas às mulheres. Em junho, constrangeu a apresentadora Maísa, de 15 anos, ao querer forçá-la a namorar o colega de canal Dudu Camargo, de 19. Após o episódio, Maísa postou em suas redes sociais que as mulheres não deveriam mais aturar esse tipo de situação. Depois de fazer declarações do tipo “mulher não tem o direito de ser feia”, recentemente Sílvio Santos apontou suas baterias para a apresentadora Fernanda Lima. Em seu programa de dois de julho, afirmou considerar a global “magrela, muito magra”. E continuou: “Essa que é a Fernanda Lima? Que faz o programa Amor & Sexo? Com ela não tem amor nem sexo. Com essas pernas aí? Nada disso. Quem gosta de osso é cachorro”.
Para Djamila, Sílvio recorre ao desrespeito ao proferir ofensas, talvez porque considere que os homens têm seus privilégios. Fernanda Lima reagiu às ofensas e recebeu apoio de atrizes como Camila Pitanga, Taís Araújo e Letícia Sabatella. “É realmente absurdo que Sílvio Santos ainda se sinta no direito de ser grosseiro e tratar mulheres como se fossem coisas. E ainda se sentir no direito de responder a Fernanda Lima, dizendo que não vai calar-se. É preciso cada vez mais que se desestabilizem e questionem esses tipos de posturas que ainda seguem naturalizados na televisão brasileira. Quantas mulheres precisaram engolir violências ou aceitar caladas certas ações…Hoje, com um pouco mais de liberdade, muitas não se calam e enfrentam situações abusivas”, pontua Djamila Ribeiro.
E acrescenta: “É inadmissível que esses comportamentos sejam defendidos e/ou tratados como brincadeiras ou piadas. Não pode haver desculpas para atitudes sexistas. O exercício de se rever e desconstruir ainda é considerado distante para muitos. Esses comportamentos nocivos precisam cada vez mais ser combatidos e denunciados. Há estudos sobre as questões, pesquisas, páginas nas redes sociais, mas quando se trata da alteridade e do respeito à humanidade das mulheres, assistimos a saídas patéticas e simplistas, mostrando o quanto apresentadores representam o atraso. Atitudes mimadas de alguns homens confrontados em seus machismos mostram que ainda temos muito no que avançar. Ao contrário da postura arcaica de Silvio Santos, Fernanda Lima tem se posicionado politicamente cada vez mais e dado abertura para discussões relevantes para a sociedade em seu programa. A televisão brasileira precisa de mais exemplos como este. Aos que insistem em reafirmar preconceitos, o ostracismo seria uma boa punição”.
Sílvio Santos já “implicou” também com a jornalista Rachel Sheherazade, apresentadora de telejornal no SBT, e natural da Paraíba. Ela atuava na TV Tambaú em João Pessoa quando viralizou nas redes um comentário em que criticava o carnaval fora de época em João Pessoa. Uma cópia do vídeo chegou ao conhecimento de Sílvio, que determinou a contratação de Rachel. Na emissora em São Paulo, Sheherazade sofre patrulhamento, sobretudo, em virtude de cometários políticos. Sílvio Santos não quer se incompatibilizar com os donos do poder de plantão, por receio de perder a renovação de concessão do canal televisivo. E mesmo em cerimônias, como a que entregou o troféu Imprensa a Rachel Sheherazade, ele “puxou as orelhas” da apresentadora, pedindo-lhe para não criar problemas para o empresário que SS também é.