O deputado federal Efraim Morais (PB), líder do Democratas na Câmara, advertiu, ontem, que o PMDB vai ter troco por cooptar integrantes do DEM para compor os seus quadros. A reação foi expressa depois que o presidente nacional do PMDB, Romero Jucá (RR), anunciou que o senador Fernando Bezerra Coelho e o ministro Fernando Coelho Filho, ambos da ala governista do PSB, vão se filiar ao PMDB. O Democratas vinha deflagrando conversações para atrair os dois parlamentares, cuja permanência no PSB ficou inviável com o seu apoio ao governo do presidente Michel Temer.
O Partido Socialista está dividido em dois grupos – um que é favorável ao governo de Temer, outro que é contrário. Bezerra Coelho, pai e filho, já teriam batido o martelo nos últimos dias quanto à troca de partidos, comunicando a decisão ao presidente da Câmara Federal, Rodrigo Maia, do DEM. A interlocutores próximos, Bezerra Coelho disse que a questão não está fechada porque ainda precisa de garantias eleitorais em Pernambuco, sua base. Além da filiação da dupla, o PMDB teria prometido que um deles poderá se candidatar ao governo de Pernambuco em 2018 pelo partido, com amplo apoio da cúpula.
O deputado Efraim Filho, que lidera bancada de 30 deputados, a oitava em representatividade na Câmara, reclama de “manobras desleais” do PMDB para enfraquecer o poderio do DEM, que tenta a todo custo se fortalecer na correlação de forças políticas que se seguiu ao impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), que completou um ano ontem. A cúpula do Democratas atua no sentido de tornar a agremiação competitiva nas eleições do próximo ano. O partido foi quem mais perdeu filiados nos últimos tempos, com isto afetando-se o seu cacife para negociações políticas com o governo em Brasília. O DEM conta com um outro ministro no governo de Temer – Mendonça Filho, da pasta da Educação.
Rodrigo Maia, que está no exercício da presidência da República em virtude daa viagem dce Michel Temer à China, se recusou, ontem, a assinar uma medida preparada pelo governo para aumentar a tributação de fundos de investimentos. A equipe econômica desejava acelerar a edição de Medidas Provisórias e o envio ao Congresso Nacional de projetos de lei que ajudariam a cumprir as metas fiscais de 2017 e 2018, ambas de deficit de R$ 159 bilhões, com cortes de despesas e aumento de arrecadação. Maia, entretanto, evitou despachar qualquer medida que implique na elevação da carga tributária, tendo pedido mais tempo à equipe econômica de Temer para examinar os projetos. Ele confessou que não quer tomar medidas amargas para não se indispor com segmentos da sociedade.
Por Nonato Guedes