O filme “Polícia Federal – A Lei é para Todos” estreia no dia 7 de setembro com direção de Marcelo Antunez e elenco composto por artistas como Ary Fontoura, Antonio Calloni, Flávia Alessandra, João Baldasserini, Marcelo Serrado e Rainer Cadete, contando os bastidores da Operação Lava-Jato, a maior e mais espetacular investigação da história do Brasil, que começou com a apreensão de um caminhão carregado de palmito e resultou na queda de uma presidente da República (Dilma Rousseff), na prisão de empresários e políticos graúdos e no desmantelamento de um esquema de corrupção que movimentou dezenas, talvez centenas de bilhões de reais. A Lava-Jato fez ruir o Partido dos Trabalhadores, colocou na cadeia Eduardo Cunha, número 1 da Câmara dos Deputados, encarcerou o empreiteiro bilionário Marcelo Odebrecht, além de levar à condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e desfazer o mito em torno dele.
“A Lava-Jato nasceu para o cinema”, diz o cineasta Marcelo Antunez, também diretor de comédias. O ator Ary Fontoura, que interpreta Lula – inclusive na cena em que ele é conduzido pela Polícia Federal para depor coercitivamente na PF do aeroporto de Congonhas – afirma que o ex-presidente “é um grande ator”. Lula, na ocasião do depoimento, protestou, dizendo-se vítima de perseguição política. A apreensão do carregamento de palmito é uma das cenas mais eletrizantes do longa-metragem, mas traz apenas uma fração de como foi o episódio e o que ele representou de fato. A Operação Lava-Jato surgiu porque a Polícia Federal queria desmantelar quadrilhas lideradas por quatro grandes doleiros brasileiros. Na sequência, foram surgindo indícios que levaram a Polícia Federal a ampliar o eixo das investigações e que em pouco tempo desmoralizou Brasília inteiramente.
Originalmente, a Lava-Jato é tida como a maior caçada aos corruptos na história do Brasil, sendo comparada à operação Mãos Limpas, desencadeada na Itália e que prendeu políticos e mafiosos. O filme “Polícia Federal: A Lei é para Todos” tem cerca de duas horas e dez minutos de duração. A produção custou R$ 15 milhões. Os financiadores do filme não querem ser identificados e não contam com leis de incentivo à cultura. A Polícia Federal deu apoio e suporte logístico para a produção, com filmagens em finais de semana na sede da Superintendência da PF em Curitiba. A produção contratou centenas de figurantes em Curitiba, que receberam cerca de R$ 50 por dia de gravação. Como o filme é contado sob a ótica da Polícia Federal, o juiz Sérgio Moro tem papel secundário e seu personagem, interpretado pelo ator Marcelo Serrado, sequer tem nome. O jurista Modesto Carvalhosa define que a Lava-Jato tornou-se a única referência positiva que o Poder Judiciário apresenta hoje no cenário institucional. “É um alento de que a roubalheira que alcançou o erário público vai ter uma resposta da justiça penal”, emenda o jurista Miguel Reale Júnior.
A primeira parte da trilogia sobre a Lava-Jato decepciona quando trata dos dois personagens mais simbólicos da operação: o juiz Sérgio Moro e o ex-presidente Lula. Por razões inexplicáveis, Moro surge nas telas em breves momentos, enquanto o filme termina com a condução coercitiva de Lula. Graças a Moro, 157 pessoas foram condenadas a 1.563 anos de prisão. O juiz autorizou 158 acordos de delação que acabaram por implodir a corrupção sistêmica na Petrobras. O publicitário Nizan Guanaes acredita que a operação Lava-Jato está fortalecendo as instituições e que fortalecerá a marca Brasil no mundo. “A esperança de que a impunidade pode ser vencida e de que a lei se aplica a todos é a lição que fica”, opina Paulo Hoff, diretor do Instituto do Câncer de São Paulo. O juiz Sérgio Moro assistiu à pré-estreia do filme sobre a Lava-Jato dividindo pipoca com o juiz Marcelo Bretas, em Curitiba, cidade que foi tomada por R$ 4 bilhões falsos como marketing para divulgar o longa, inspirado no livro homônimo de Carlos Graieb e Ana Maria Santos. Haverá ainda outros dois filmes sobre a operação. O segundo, já em desenvolvimento, abordará eventos ocorridos após março de 2016, como as delações de Marcelo Odebrecht e do representante da JBS, Joesley Batista, além da prisão do ex-governador do Rio, Sérgio Cabral.
Nonato Guedes, com informações da revista “ISTOÉ”