O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva conclui amanhã, no Maranhão, a caravana por Estados do Nordeste, empreendida a pretexto de conhecer a realidade da região depois da investidura do peemedebista Michel Temer, que ascendeu quando do impeachment da então presidente Dilma Rousseff, que completou um ano na semana passada. Lula e o PT foram acusados por adversários políticos de utilizar a caravana como pretexto para encobrir propaganda eleitoral antecipada, burlando as normas do TSE. O ex-mandatário, em algumas localidades por onde passou, não desmentiu a pretensão de concorrer novamente ao Palácio do Planalto em 2018, mas ele depende da conclusão de processos judiciais instaurados e que resultaram na condenação a nove anos e seis meses de prisão, decretada pelo juiz Sérgio Moro, sob denúncia de corrupção passiva.
Nos discursos que proferiu em manifestações públicas organizadas por petistas e apoiadas por governadores que lhe são simpáticos, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva alternou críticas ao juiz Sérgio Moro com críticas veementes ao governo do presidente Michel Temer. Além de insistir na teoria do “golpe” parlamentar que possibilitou a ascensão de Temer com o impeachment de Dilma, Lula bateu forte nas reformas encaminhadas pelo atual governo ao Congresso Nacional e que ele descreveu como retrocessos de conquistas alcançadas por trabalhadores. De acordo com as pesquisas, no Nordeste o ex-presidente conta com 47% das intenções de voto numa provável eleição presidencial. Lulaa procurou capitalizar, em especial, os benefícios do projeto de transposição de águas do rio São Francisco, deflagrado nas suas gestões.
No percurso pelo Nordeste, Lula se fez acompanhar em algumas regiões pela ex-presidente Dilma Rousseff. Assim aconteceu na Paraíba, em João Pessoa, e na região metropolitana do Recife, onde Dilma esteve e falou ao público. A ex-presidente não definiu, ainda, se disputará as eleições ao Senado ou a uma vaga na Câmara Federal em 2018 pelo Rio Grande do Sul. Ela teria confessado a interlocutores de sua confiança que não se sentiria bem convivendo, no Congresso, com parlamentares que foram decisivos para seu afastamento da presidência da República. Dilma se declara entusiasta, contudo, da candidatura de Lula à presidência da República. O PT nacional ainda avalia as chances concretas do partido, que sofreu muitas baixas em virtude do envolvimento de filiados importantes em escândalos e da prisão de ex-dirigentes da agremiação e ex-ministros dos governos petistas.
Na Paraíba, a caravana do ex-presidente Lula foi recepcionada pelo governador Ricardo Coutinho, do PSB, que já foi militante dos quadros do Partido dos Trabalhadores. Ricardo chegou a ter seu nome apontado nos meios políticos locais como provável opção a vice-presidente da República numa chapa encabeçada por Lula. De concreto, o governador paraibano tem dito no Estado que pretende permanecer no cargo até o último dia do mandato, num esforço para tentar contribuir para a eleição do candidato que lançou à sua sucessão, o engenheiro João Azevedo, secretário de Infraestrutura e Recursos Hídricos. Independente de projeções políticas pessoais, Ricardo foi enfático na defesa que fez do ex-presidente Lula e da ex-presidente Dilma Rousseff. Em alguns Estados nordestinos governados por políticos alinhados com Lula, a caravana do ex-presidente da República ganhou escolta de policiais militares a título de segurança. Não há registro, porém, de incidentes graves no percurso que Lula empreendeu até agora.
Nonato Guedes, com agências