O segundo depoimento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao juiz Sergio Moro está previsto para a tarde de hoje em Curitiba, em clima de grande expectativa. Os militantes petistas estão preparando um ato para recepcionar Lula, mas admitem que o evento deverá ter proporções menores do que o primeiro. Mesmo assim, os petistas receiam hostilidades. Em maio, pelo menos cinco mil manifestantes participaram dos atos pró-Lula, de acordo com a PM. A organização estimou o público em 50 mil pessoas.
Grupos a favor e contra Lula não chegaram a se encontrar na primeira vez, mas havia entre alguns militantes a expectativa de que o ex-presidente fosse preso durante o depoimento. Desta vez, a tensão entre os dirigentes petistas é menor. Lula fez questão de ir pessoalmente ao depoimento a Moro e não se fala em risco de prisão. Os advogados do ex-presidente apresentaram, na segunda-feira, as razões do recurso contra a sentença que condenou o petista no caso do triplex do Guarujá (São Paulo) por corrupção e lavagem de dinheiro. A defesa pede a nulidade do processo, protocolado no TRF da Quarta Região. A corte é responsável pelo julgamento em segunda instância dos processos do juiz Sergio Moro.
Os advogados Cristiano Zanin Martins e Valeska Teixeira Martins argumentam que a sentença formulada pelo juiz Sergio Moro contém “vícios graves”, entre os quais a falta de comprovação do “caminho do dinheiro” entre os contratos da OAS com a Petrobras e a compra e reforma do apartamento triplex que pertenceria ao ex-presidente. A prioridade no PT é dar visibilidade às caravanas do pré-candidato a presidente da República, como a ocorrida no Nordeste no mês passado. O presidente do diretório regional do PT no Paraná, Dr. Rosinha, afirma que há uma outra conjuntura, um outro momento político. “Está claro que há uma perseguição ao governo Lula. Não podemos nos mover na lógica dessa repetição”, enfatizou. Lula ainda enfrenta sérios problemas, inclusive, do ponto de vista emocional, diante da surpresa com denúncias feitas pelo ex-ministro Antonio Palocci, que o incriminam em transações com a Odebrecht.
Hoje, em Brasília, o Supremo Tribunal Federal julga o pedido do presidente Michel Temer (PMDB) para que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, seja considerado suspeito para atuar em casos contra ele. Os magistrados também poderão decidir sobre a anulação da delação da JBS e a invalidação das provas entregues pelos delatores. Com isso, Michel Temer quer impedir que Janot peça a abertura de novos inquéritos e ofereça uma segunda denúncia contra ele. O ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato, no STF, levou o caso para ser debatido em plenário. A suspeição do procurador-geral dificilmente deve ser declarada, segundo avaliam magistrados. Eles afirmam que Janot investigou e denunciou políticos de diferentes partidos e não apenas o presidente Michel Temer e, sendo assim, é difícil comprovar que ele persegue o presidente.
Nonato Guedes, com Folhapress