O líder do governo no Senado, Romero Jucá (RR), condenou o comportamento que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, vem tendo nas vésperas de sua despedida do cargo, que deverá ocorrer na segunda-feira. Jucá ironizou o anúncio de Janot sobre formulação de segunda denúncia contra o presidente Michel Temer (PMDB), desta feita por suposta tentativa de obstrução da Justiça, e salientou que Rodrigo Janot vem sofrendo influência de “más companhias” e, com isto, deixando de cumprir o seu dever funcional, uma vez que procura extrapolar suas atribuições.
– Ele tem consciência do pouco tempo de permanência à frente do cargo e parte para cometer todo tipo de estripulia, o que é lamentável, mas não pode e não deve ser levado a sério – alfinetou Romero Jucá, insinuando ressentimentos que Janot teria acumulado por não ter sido nomeado para um novo mandato na PGR. A partir de segunda-feira, Rodrigo será substituído pela subprocuradora da República Raquel Dodge, que foi escolhida diretamente pelo presidente Michel Temer. Versões chegadas ao conhecimento de Jucá sinalizariam que Janot se mobilizou nos bastidores para tentar esticar sua permanência no cargo, inutilmente.
Raquel Dodge já vem promovendo reuniões com sua equipe, da qual faz parte o jurista paraibano Luciano Mariz Maia, nomeado para a vice-procuradoria-geral da República. Nessas reuniões, segundo Raquel deixou escapar, são tratados assuntos referentes às atitudes que Janot vem tendo nos últimos dias à frente da Procuradoria. A opinião dominante no círculo próximo de Raquel Dodge é de que certos atos praticados por Janot dificilmente serão sancionados pela substituta que assumirá na próxima semana. Romero Jucá deu a entender que Rodrigo Janot está se deixando mover por interesses pessoais contrariados, ligados à sua preterição para continuar no posto.
A futura Procuradora Geral da República Raquel Dodge, que foi sabatinada no Senado Federal, de acordo com o que fixam as regras para preenchimento do cargo, tendo obtido aprovação expressiva, desmentiu que tenha debatido assuntos particulares de interesse do presidente Temer no recente encontro que ambos tiveram, fora do expediente, em Brasília. Dodge assegura que foi ao encontro tratar de detalhes do ritual de sua investidura na PGR. Nas últimas horas, a nova PGR esteve com a presidente do Supremo Tribunal Federal, Cármen Lúcia, convidando-a para a solenidade de sua posse, no final da tarde de segunda-feira. O convite foi aceito.
Nonato Guedes, com agências