Um texto descontraído que aparece na edição de hoje do “Correio da Paraíba” diz que “o cheirinho de prévia das eleições 2018”, exalado durante jantar em comemoração ao seu aniversário em Brasília na quarta-feira, deixou o senador peemedebista José Maranhão animado com a possibilidade de entrar na briga pela cadeira de governador, que já ocupou em três oportunidades. A matéria cita um Maranhão enigmático, que recorre a ditos populares, em plenos 84 anos de idade, para tentar definir seu estado de espírito.
“Não direi a você que nunca, em matéria de política, dessa água não beberei. Não estou com sede, mas não vou dizer que viverei sem água”, prosseguiu JM, que esteve cercado de políticos de partidos e facções variadas com atuação na Paraíba. E aproveitou para explicar que não tem aresta com nenhum líder – o que faz com que transite bem no arco que separa hoje o governador Ricardo Coutinho do senador Cássio Cunha Lima. O raciocínio do senador peemedebista é cristalino: com a situação que vive a Paraíba, mergulhada em falta de recursos e oportunidade, seria uma falta de “paraibanidade” ficar amarrado a ressentimentos de campanhas. “A hora é de unir todas as forças para tirar a Paraíba do momento de dificuldade”, entoou mais, conforme texto de Nice Almeida.
Bordões velhos para conjunturas novas? É possível, mas em favor de Maranhão diga-se que ele tem realmente essa capacidade de aglutinar e de superar divergências ou ressentimentos. Na quadra que se divisa, Maranhão parece convencido de que os ventos sopram a seu favor – e não se trata de mero achismo nem de especulação sem fundamento. As oposições estão ocupadas em administrar a fogueira de vaidades dos prefeitos da Capital e de Campina Grande – Luciano Cartaxo e Romero Rodrigues. O governador Ricardo Coutinho, de sua parte, lançou um pré-candidato preparado e competente para o cargo, mas que é uma incógnita em termos de votos – o secretário João Azevedo. Maranhão, que já tem nome feito e um portfólio de realizações a apresentar, sente-se privilegiado nesse contexto, ainda que tenha aa noção crítica de que não deve calçar sapato alto. Muitas águas correm por debaixo da ponte, ele sabe melhor do que ninguém. E cautela e caldo de galinha nunca fizeram mal a ninguém – menos, ainda, a políticos.
O que diz o governador Ricardo Coutinho a respeito dessa felicidade juvenil de José Maranhão? Na sequência da matéria que o “Correio” publica, há o registro da palavra do socialista, de que a candidatura é um direito de qualquer pessoa e que, no caso específico de Maranhão, sempre o respeitou e continuará a respeitá-lo. “Quem sou eu para opinar se ele deve ou não deixar de ser candidato a governador?”, tergiversa Coutinho. É uma manifestação que vai além de gestos políticos de boa vizinhança. Há o reconhecimento à liderança que Maranhão sedimentou e aos serviços realizados quando governador e que certamente deixam marcas influentes junto ao eleitorado. Em último caso, o bom estrategista não costuma fechar portas; pelo contrário.
Não há garantias de que Maranhão seja candidato para valer ao governo do Estado em 2018, mas também não convém descartar essa hipótese. Até porque se trata do líder de um partido que, na pior das hipóteses, tem se especializado em ser fiel da balança em pleitos decisivos, no Estado e na Capital, nos últimos tempos. É uma legenda que se beneficia de preferências residuais de faixas do eleitorado. E que tem em Maranhão um líder confiável, que escapou incólume aos escândalos nacionais envolvendo, inclusive, cabeças coroadas do seu partido velho de guerra. Nesse contexto, há razões para um certo otimismo, uma certa confiança. Sem se perder de vista que política é atividade dinâmica, como já ensinavam os mineiros mais habilidosos e adestrados.
Nonato Guedes