A defesa do ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB-Bahia), alegando risco de estupro a que seu constituinte estaria sujeito no Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília, onde está recolhido desde a semana passada, apelou para que fosse facultado a ele a prerrogativa de cumprir prisão domiciliar em seu apartamento em Salvador, a fim de proteger sua integridade física e não ficar exposto a vexames e constrangimentos. O requerimento, entretanto, foi negado pela juíza Leila Cury, da Vara de Execuções Penais do Distrito Federal, que argumentou não haver indícios concretos de ameaça à integridade física do ex-ministro. De acordo com a magistrada, as versões invocadas pró-Geddel são inverídicas e especulativas.
Advogados de Geddel sustentam que as ameaças de estupro contra ele vazaram de mensagens expedidas por outros detentos recolhidos ao Complexo da Papuda por razões distintas. Estes teriam insinuado que os envolvidos em corrupção que ali estão presos devem cumprir rotina de serviços de limpeza e faxina e ficarem à disposição de outros detentos para a prática de atos sexuais. As ameaças foram publicadas pelo site “A Folha Brasil”, com o registro de que um famoso ex-deputado que está preso na Papuda já se adaptou às novas regras de convivência sexual e está tendo um “caso” ostensivo com um detento, sem que se tenha conhecimento de qualquer reclamação.
A juíza Leila Cury, não obstante, enfatizou que Geddel Vieira Lima não tem qualquer prerrogativa que o beneficie com o recolhimento à sede do Estado Maior da Polícia, paraa onde os advogados pleiteiam transferência, sem deixar de cogitar o cumprimento da prisão domiciliar no seu apartamento. Geddel Vieira Lima foi preso no último dia oito em Salvador pela Polícia Federal, que com base em informações confiáveis desbaratou um esconderijo de R$ 51 milhões no apartamento ocupado por Geddel, cuja origem ainda está sendo minuciosamente investigada. A doutora Leila Cury não se sensibilizou com as alegações dos advogados de Geddel e reiterou não ter conhecimento oficial de ameaças visíveis à integridade dele. Desde que foi pilhado pelas autoridades policiais, Geddel alterna reações de choro com receio da própria segurança no complexo da Papuda. Autoridades policiais em Brasília ressaltam, em “off”, que ele estaria dramatizando a situação para dispor de regalias a que julga ter direito.
Em Brasília, a temperatura política voltou a subir nas últimas horas, com a formulação de uma segunda denúncia contra o presidente Michel Temer por parte do Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, que se despedirá do cargo na segunda-feira. Temer é acusado de atos ilícitos que comprometeriam a sua permanência à frente do cargo e reagiu vigorosamente com uma nota em que desqualifica as acusações dirigidas por Janot. Há outras questões que contribuem para agravar a conjuntura, a exemplo das denúncias de Antonio Palocci contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a ex-presidente Dilma Rousseff.
Nonato Guedes, com UOL