A bancada que dá sustentação ao prefeito de João Pessoa, Luciano Cartaxo (PSD) na Câmara Municipal, protocolou três pedidos de abertura de Comissões Parlamentares de Inquérito para investigar supostas irregularidades que teriam sido cometidas nas gestões de Ricardo Coutinho, atual governador, quando prefeito da Capital em duas oportunidades. Opositores de Cartaxo classificam a iniciativa das CPIs como uma manobra para inviabilizar a investigação sobre denúncias de irregularidades nas obras de revitalização do Parque da Lagoa Solon de Lucena.
A primeira CPI sugerida trata de ilicitudes na empresa que desenvolve serviços de coleta de resíduos na Capital, a Emlur. Uma outra se propõe a apurar a denúncia de desvios de recursos do projeto Jampa Digital, enquanto a terceira pede a investigação do processo de desapropriação da fazenda Cuiá. O líder da bancada de oposição, Bruno Farias (PPS), afirma que os pedidos de CPI foram feitos de maneira estratégica para barrar a CPI da Lagoa. De acordo com versões, o próprio prefeito Luciano Cartaxo entrou no circuito, participando de reuniões com vereadores para a discussão de estratégias e, como contrapartida, o atendimento de demandas.
Pelo regimento interno da Casa de Napoleão Laureano, só podem tramitar simultaneamente na Câmara três CPIs. A chamada “CPI da Lagoa” ainda estava em processo de recolhimento de assinaturas. A vereadora Raíssa Lacerda (PSD), que está inclinada a assinar o pedido de instalação da CPI da Lagoa, negou que esteja havendo uma barganha e colocou à disposição do prefeito Luciano Cartaxo os cargos ocupados por prepostos indicados por ela na administração municipal. Os vereadores oposicionistas esperam contar com a assinatura de Raíssa, que embora compondo a bancada da situação estaria descontente com o prefeito Luciano Cartaxo. Ela deixou claro que considera CPI “uma coisa muito séria” e frisou que sua posição independe da ocupação de cargos.
O líder governista na Câmara, Fernando Milanez Neto, do PTB, descartou, todavia, o uso político do instrumento de investigação, ressaltando que desde o início do mandato veem alertando sobre a necessidade de devolução de R$ 3,259 milhões por parte da prefeitura da Capital por causa do Jampa Digital.
Nonato Guedes