O ex-ministro da Fazenda, Maílson da Nóbrega, voltou a causar polêmica com declarações feitas em João Pessoa sobre a conjuntura nacional. Ele veio participar de debates com empreendedores e defendeu a aprovação da reforma da Previdência, além de projetar o risco de volta da hiperinflação à economia brasileira caso mudanças não sejam levadas adiante. Paraibano, o economista ocupou a pasta da Fazenda durante o governo do presidente José Sarney, que ascendeu em 1985 ao cargo com a morte de Tancredo Neves.
Maílson preconizou, ontem, que sem a solução do problema previdenciário e a implementação de outras mudanças o país ingressará rapidamente no processo de insolvência fiscal, o que trará de volta o descontrole da economia e o fantasma da inflação para os brasileiros. Ele lembrou que o déficit da Previdência Social hoje é preocupante, uma vez que supera os R$ 300 bilhões, cifra que representa, conforme ele, o dobro do investimento do setor público em infraestrutura no país. Comentando as críticas à proposta apresentada pelo governo do presidente Michel Temer, Maílson opinou que elas partem de grupos restritos que não querem abrir mão de privilégios ou daqueles que não entendem a importância de o país resolver a questão da Previdência.
– Os críticos são, de um lado, os que não aceitam renunciar a direitos, e de outro alguns ignorantes que não têm capacidade de entender a situação. Há, ainda, os ingênuos, que acreditam no discurso de sindicalistas da Receita Federal de que não existe déficit na Previdência. “Não conhecer essa realidade, com estória repetida por alguns senadores e deputados de que não há déficit na Previdência, é tentar tapar o sol com a peneira, enganar o país e trabalhar para que caminhemos para uma tragédia”. Maílson avalia que o Brasil experimenta um processo de recuperação e já começa a sair da pior recessão de sua história, com crescimento em todos os índices econômicos.
O ex-ministro acentuou que o atual governo goza de credibilidade a despeito da crise política em que está mergulhado. Salientou que graças à capacidade de articulação com o Congresso, as reformas necessárias estão sendo aprovadas, resultando em um ganho de confiança em todos os setores, seja junto aos consumidores, produtores e a classe política. No que diz respeito à imagem do Brasil no exterior, Maílson da Nóbrega enfatizou que a principal mudança foi verificada com a queda de percepção de risco do país. “No geral, todos os segmentos estão crescendo quase que simultaneamente, alguns mais rápidos do que outros, o que fará com que a gente termine o ano com um crescimento em torno de 0,7% ou, como alguns apostam, até de 1% em nossa economia”, comentou.
Nonato Guedes