Se o ex-governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB) quiser voltar à vida pública, exercendo mandatos políticos ou até mesmo cargos administrativos em empresas estatais, terá que aguardar completar pelo menos 80 anos de idade. Este foi o teor da dura sentença aplicada pelo juiz federal Marcelo Bretas, da Sétima Vara Criminal do Estado do Rio, que imputou um total de 45 anos e dois meses de condenação a Cabral. O ex-governador está atualmente preso e custodiado em Benfica, no Rio e experimentou uma segunda condenação no âmbito da Operação Lava-Jato.
A sua mulher, Adriana Ancelmo, é ré solidária em algumas das ações pelas quais Sérgio Cabral é responsabilizado. O ex-governador está arrolado em processos por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Atualmente ele tem 54 anos e cumpre quase toda semana uma rotina incômoda – a de ser retirado da cela para prestar depoimento sobre fatos novos que o incriminam e que surgem no bojo de investigações realizadas pelas autoridades. Sérgio Cabral enfrenta, ainda, questionamento sobre imóveis e outros bens valiosos que constituem o patrimônio amealhado ilicitamente ao longo da trajetória política desenvolvida.
Algumas joias e pertences valiosos da mulher de Cabral estão “sub judice” e ele, pessoalmente, está na iminência de perder a posse de imóveis caríssimos e sofisticados. O envolvimento de Sérgio Cabral com o submundo do crime político causou surpresa a parcelas do eleitorado do Rio e até mesmo a alguns políticos que com ele conviveram mas que não tinham tido acesso, até então, a informações incriminadoras contra o ex-gestor do Estado fluminense. O Rio experimenta uma má fase política devido às denúncias contra outros ex-governadores, como Anthony Garotinho, e senadores como Lindbergh Farias (PT), que foi candidato ao governo em 2014 e saiu derrotado nas urnas. Lindberg, natural de João Pessoa, mas com militância no Rio, onde foi prefeito de Nova Iguaçu e, depois, deputado, tem sua situação cada vez mais complicada diante da descoberta de indícios comprometedores de envolvimento seu em atos ilícitos.
O Estado do Rio vivencia um dos quadros mais caóticos de sua história. A atual administração do governador Luiz Fernano Pezão praticamente levou o Estado à insolvência, com atraso no pagamento de salários de servidores e de recursos devidos a fornecedores. O presidente da Câmara Federal, Rodrigo Maia, do Democratas, que tem atuação política no Rio, tem apoiado medidas duras contra ex-governadores, ao mesmo tempo em que tenta sensibilizar o governo do presidente Michel Temer a socorrer financeiramente o Estado. Nas últimas horas, a tensão se agravou em virtude de confrontos entre expoentes do crime organizado e policiais militares em favelas que são consideradas “ilhas do crime”, o que levou o governo federal a encaminhar tropas do Exército. Em princípio, a situação ficou pacificada, mas as próprias autoridades federais sabem que o Rio é um barril de pólvora constante. A ação do governo federal, conduzida pelo ministro da Defesa, Raul Jungmann, teve como objetivo frear os confrontos sucessivos que têm ocorrido diariamente e, ao mesmo tempo, garantir o mínimo de segurança para os participantes do Rock in Rio, atração artística-musical que é prestigiada por artistas internacionais de renome e que tem atraído públicos expressivos mesmo em meio ao cenário de intranquilidade que reina entre os fluminenses.
Nonato Guedes, com agências