O site “Congresso Em Foco” reproduz uma praxe democrática – a de acionar internautas para votarem nos parlamentares que mais se destacaram pela sua atuação na Câmara e no Senado, em Brasília. Uma medida profilática adotada na metodologia de agora para a escolha dos “Melhores” foi a exclusão, da votação, de parlamentares que estejam com processos abertos em andamento no Supremo Tribunal Federal. É providência que se impõe para separar o joio do trigo e para que a própria opinião pública tenha consciência de que políticos que são reconhecidamente ficha-suja não merecem prebendas nem galardões – merecem cadeia, onde muitos deles estão.
Pelos levantamentos parciais que têm vindo a público nas intenções de voto dentro do plebiscito instituído pelo site que é respeitado nos meios políticos e jornalísticos de todo o país nota-se que integrantes da bancada federal paraibana conseguem se projetar em meio ao marasmo institucional que tem assolado o Brasil nos últimos tempos e à vaga de escândalos que destroçaram carreiras de políticos com ambições ilimitadas, a exemplo de José Dirceu, Antonio Palocci, Delcídio do Amaral, entre outros. O senador Raimundo Lira e o senador José Maranhão, ambos do PMDB paraibano, estão entre os “bem avaliados” e a verdade é que fazem jus a esse tipo.
Lira, particularmente, ganhou visibilidade ao presidir a Comissão Processante do Impeachment da então presidente Dilma Rousseff e à frente dela se portar com equilíbrio e de forma democrática, abrindo espaço para a ampla e ilimitada defesa da ex-gestora, que foi apeada do cargo no bojo do processo de impeachment conduzido sob a supervisão do Supremo Tribunal Federal. A postura de Lira destaca-se naturalmente pela circunstância em que foi tomada, em meio a um ritual que despertou paixões, açulou vaidades, criou um verdadeiro Fla X Flu que ainda hoje perdura no cenário político nacional. Mas, abstraindo a peculiaridade de ter sido escolhido para essa missão, há outros pontos em que se destaca o parlamentar peemedebista paraibano, como o trabalho em Comissões relevantes. José Maranhão, menos aproximado dos holofotes, contribui a seu modo para a votação de reformas e demandas que a sociedade reclama. Faltou uma menção honrosa ao senador Cássio Cunha Lima, do PSDB, o terceiro da bancada paraibana na Capital Federal. Ele tem tido posições firmes e irrenunciáveis em questões difíceis como a do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff e ainda agora mantém um apoio crítico ao governo de Michel Temer, o que significa que não passa um cheque em branco às iniciativas provenientes do ex-vice de Dilma Rousseff.
No que se refere aos deputados federais, o que avulta na bancada da Paraíba é o ecletismo dos campos de atuação dos parlamentares. Projetam-se, nesse contexto, ainda que em lados distintos, os deputados Luiz Couto, do Partido dos Trabalhadores, Pedro Cunha Lima, do PSDB e Efraim Morais Filho, do Democratas. O primeiro, por razões óbvias, é anti-Temer e alinhado incondicional a Dilma e ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Pedro e Efraim movem oposição vigorosa às gestões e aos políticos petistas, na reprodução do embate nacional que ficou polarizado entre PT e PSDB-DEM. Os demais deputados paraibanos operam na articulação junto a ministérios e órgãos públicos para carrearr benefícios para o Estado. É uma outra modalidade de atuação parlamentar.
A despeito da desconfiança crescente do eleitorado em relação à classe política ou do desgaste que os nossos representantes no Parlamento experimentam, não se pode ser radical ao ponto de obliterar aspectos positivos da trajetória de um ou outro componente da bancada paraibana. Em última análise, deputados e senadores sabem que estão cada vez mais debaixo da pressão popular e precisam atuar sintonizados com a voz rouca das ruas. A despeito dos vícios que ainda imperam no horizonte político, é possível identificar exceções. E aplaudir os frutos positivos que essas exceções produzem.
Por Nonato Guedes