Líder do governo na Câmara, o deputado federal paraibano Aguinaldo Ribeiro, do PP, tem participado de reuniões para a discussão de estratégias com a finalidade de barrar a tramitação da segunda denúncia contra o presidente Michel Temer. Em paralelo, o parlamentar aprofunda junto aos seus colegas o questionamento de pontos da reforma política. A intensa rotina do deputado paraibano tem impedido que ele saia de Brasília nos fins de semana, uma vez que os almoços e jantares de trabalho são constantes.
De acordo com agências noticiosas sulistas, o governo de Temer pretende utilizar a CPI da JBS como linha auxiliar de ataque à segunda denúncia por obstrução judicial e organização criminosa. Sabe-se que o Palácio do Planalto mobilizou a tropa de choque governista a se revezar a partir desta semana na CPI e na Comissão de Constituição e Justiça que analisará a denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República já na gestão de Raquel Dodge. A primeira denúncia, formulada ao tempo em que Rodrigo Janot era o Procurador-Geral de Justiça, foi barrada na Câmara.
A nova estratégia discutida pelo governo começará a ser colocada em prática hoje quando o procurador Ângelo Goulart Vilela deve ser ouvido na CPI. O objetivo é direcionar o depoimento do procurador para que ele relate os métodos adotados por Rodrigo Janot na negociação de acordos de delação premiada, especialmente o o do empresário Joesley Batista, da JBS. A base aliada prepara-se para tentar obter de Vilela declarações que indiquem que o ex-procurador-geral pode ter pressionado delatores a prestar infformações sobre alvos que sua equipe pretendia investigar. Com isso, o Planalto espera fortalecer a narrativa da defesa de Temer, que afirma que Janot o perseguiu e direcionou as delações da JBS. Vilela disse em entrevista que Janot tinha pressa para denunciar o presidente, bem como para barrar a indicação de Raquel Dodge como sua sucessora no comando da PGR.
O novo advogado do presidente Temer, Eduardo Canelós, afirmou que tudo que vem da parte do ex-procurador-geral da República não merece crédito. “A denúncia, em si mesmo, é uma peça absurda, daí porque falta completa credibilidade ao enredo”, sustenta Eduardo Canelós. A base política de apoio ao presidente Michel Temer opera a todo vapor para conseguir pelo menos 43 votos favoráveis ao peemedebista na Comissão de Constituição e Justiça, placar superior ao conquistado na acusação anterior. Por orientação do presidente Michel Temer, a base aliada deverá evitar embates com o presidente da CCJ, Rodrigo Pacheco, do PMDB de Minas Gerais. Uma das apostas do núcleo do Palácio do Planalto será a suspeita de que a acusação formal feita por Janot contra Temer contém documentos falsos. Auxiliares do presidente asseguram que papéis bancários apresentados na denúncia podem ter sido forjados por delatores.
Nonato Guedes, com Folhapress