Os três partidos hegemônicos no país nas últimas duas décadas – PMDB, PT e PSDB, que também figuram nas principais denúncias de corrupção, irão dividir a maior parte do valor do Fundão, espécie de Fundo Especial de financiamento de campanhas eleitorais aprovado pelo Senado com vigência a partir do pleito do próximo ano. As projeções sinalizam que o Fundo deverá ter R$ 1,8 bilhão disponível já nas próximas eleições. Desse total, as três legendas embolsarão R$ 647.872,07. A maior fatia, conforme levantamento feito, caberá ao PMDB, que tem 61 deputados e 23 senadores e deverá ser contemplado com R$ 249.863,737,66.
O segundo partido melhor aquinhoado é o Partido dos Trabalhadores, prestes a abocanhar R$ R$ 215.736.321,74. A agremiação conta atualmente com 57 deputados federais e nove senadores. Por sua vez, o PSDB, com 45 deputados e 11 senadores, terá nos cofres a quantia de R$ 181.806.812,67. Na sequência, tendem a ser favorecidos o PP, PSD, PSB e DEM. No final da tabela aparecem o PCO, Partido Novo e PMB, Partido da Mulher Brasileira, com um total de R$ 3.167,451,34. A distribuição dos recursos entre os partidos políticos e respectivos candidatos está prevista para ser processada no primeiro turno das eleições do próximo ano.
O Fundo Especial de financiamento de campanhas será composto por 30% das emendas impositivas apresentadas pelas bancadas de deputados e senadores ao Orçamento Geral da União. O senador Armando Monteiro, do PTB-PE, apresentou substitutivo extinguindo a propaganda partidária e transmitindo para o Fundo o dinheiro da compensação fiscal que a União paga às emissoras pela veiculação dos programas. Deputados estaduais paraibanos manifestaram surpresa, ontem, com o texto da proposta de criação do Fundo. O peemedebista Nabor Wanderley posicionou-se contrário à medida. Ele sugeriu que o país deveria dispor de leis que pudessem baratear os custos de uma campanha eleitoral a fim de que todos pudessem concorrer em condições de igualdade.
Nabor considerou complicada a vigência do Fundo, lembrando a reação de segmentos da população à retirada de recursos destinados a áreas essenciais como saúde e educação ou infraestrutura. “Particularmente eu acho que deveríamos encontrar outro mecanismo de fazer política, porque sabemos que o custo é muito elevado”. O líder governista na Assembleia Legislativa, deputado Hervázio Bezerra, do PSB, lamentou a decisão e admitiu que já não consegue mais acompanhar o trabalho realizado pelos parlamentares no Congresso Nacional. De acordo com ele, o sentimento do povo brasileiro é de indignação diante do fato de que os parlamentares legislam apenas em causa própria, sem consultar deputados, vereadores e os apelos da população. “O que se vê é que os parlamentares federais preocupam-se em legislar em causa própria, numa contradição entre o que pregam na Paraíba e o que fazem em Brasília”, comparou. Janduhy Carneiro, do “Podemos”, igualmente discordou da aprovação. Textualmente, ele pontuou: “É extremamente lamentável que um país como o nosso, com deficiências na saúde, educação e segurança pública queira bancar campanhas de políticos com dinheiro público”.
Nonato Guedes, com “Correio da Paraíba”