O deputado Anísio Maia, do Partido dos Trabalhadores, queixou-se, ontem, do governo Ricardo Coutinho (PSB), que segundo ele vem exonerando aliados políticos seus em setores da administração pública em vários municípios do Estado. A versão oficial é de que as dispensas estão ocorrendo como consequência do modelo pactuado de gestão que passou a funcionar na área da Educação. O governador reagiu de bate-pronto ao saber das reclamações e alertou que o Estado não atua em função de interesses de parlamentares, complementando que todos devem se adequar à gestão que ele conduz.
O PT paraibano tem sido flexível com o governo de Ricardo Coutinho pelas atitudes que este tomou, recepcionando os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff e mantendo um comportamento crítico diante do governo do presidente Michel Temer, do PMDB. Mas expoentes petistas entraram em rota de colisão com a administração socialista estadual em uma questão de honra para eles: a condenação à terceirização de serviços essenciais. Isto já foi implantado na Saúde e agora alcança a Educação, sem uma discussão profunda com deputados da base.
As críticas maiores foram reservadas pelo governador para a oposição. Ao participar de uma solenidade em João Pessoa, Ricardo refutou críticas ao projeto de lei encaminhado à Assembleia Legislativa prevendo acréscimo nas multas do IPVA. De acordo com o gestor, os deputados oposicionistas distorceram a proposta com o objetivo de levar o pânico aos proprietários de veículos. De forma didática, Coutinho ironizou: “Como parlamentar que fui durante muitos anos, a primeira coisa que eu me atribuía como dever era ler e entender a natureza dos projetos. Quando se lê e não se entende é porque não há capacidade de representar ninguém. Com isso, parte-se para o terrorismo, É o que a oposição está fazendo”.
Ao ser questionado em torno das reclamações do deputado Anísio Maia, o chefe do Executivo explicou: “Acho que quem faz gestão é o Estado. Ninguém faz demissão. Há pessoas que se adequam a uma missão e outras que não se adequam. O Executivo existe em função dos serviços que ele presta à coletividade, não em função de interesses pessoais ou de grupos. Se porventura alguém não está adaptado a uma determinada função, eu tenho obrigação ética, até pelo respeito que devo ter pelo dinheiro da população, em poder gerir da melhor forma possível. Não posso ter a lógica de olhar para o Estado como um agente empregador, pois, na verdade, é um agente prestador de serviços”.
Ricardo se disse lisonjeado com a lembrança do seu nome para concorrer a uma cadeira de senador nas eleições de 2018, salientando que isto se dá até com certa insistência e em meio a uma turbulência grande como a que ocorre na realidade política nacional. “Mas volto a dizer que acima de um mandato para mim está a continuidade do ciclo de desenvolvimento que a Paraíba está atravessando, com avanços notórios em inúmeras áreas essenciais”, frisou. Pessoalmente, conforme Ricardo deu a entender, a sua prioridade é a de concluir o mandato com foco no trabalho administrativo e, portanto, à frente da administração estadual. Coutinho já apresentou como pré-candidato do PSB ao governo o nome do secretário João Azevedo, da Infraestrutura e Recursos Hídricos, assinalando que se trata de um auxiliar competentíssimo e que é mesmo imbatível num debate acerca dos problemas da população paraibana e das soluções a serem encaminhadas.
Nonato Guedes