A Câmara Municipal de João Pessoa, que está em plena celebração dos seus 70 anos de atuação, tem sido uma espécie de laboratório para que alguns dos seus integrantes ascendam a destacadas missões executivas na vida política-institucional da Paraíba, ainda que tais integrantes não cheguem necessariamente a ocupar cargos de comando na Mesa da Casa “Napoleão Laureano”. O governador Ricardo Coutinho (PSB) é o exemplo mais ilustrativo dessa situação. Prefeito eleito de João Pessoa em duas ocasiões – 2004 e 2008 – ele também logrou exercer mandatos de deputado estadual e atualmente se encontra no segundo mandato de governador, reeleito que foi na eleição de 2014.
Por sua vez, o ex-vereador Luciano Cartaxo é, no momento, prefeito de João Pessoa pela segunda vez. Eleito inicialmente em 2012 concorrendo pelo Partido dos Trabalhadores, Cartaxo migrou para o PSD quando estouraram escândalos nacionais comprometendo figurões do PT. Foi pelo PSD que em 2016 Luciano Cartaxo obteve reeleição a prefeito de João Pessoa no primeiro turno, tendo como vice o ex-deputado federal Manoel Júnior, do PMDB, e derrotando candidatos como Charliton Machado (PT) e Cida Ramos (PSB). No primeiro mandato, ele teve como vice o jornalista Nonato Bandeira, que é filiado ao PPS e atualmente é Chefe de Gabinete do governador Ricardo Coutinho, de quem se reaproximou. Cartaxo ganhou a prefeitura em 2012 derrotando Cícero Lucena, que era senador pelo PSDB, no segundo turno. A dados de hoje, Cartaxo tem seu nome cotado para disputar o governo do Estado em 2018.
No currículo de Luciano, consta, ainda, a passagem como vice-governador do Estado, no período de fevereiro de 2009 a janeiro de 2011. Ele assumiu conjuntamente com José Maranhão, que encabeçou chapa PMDB-PT ao governo no pleito de 2006 e foi derrotada por Cássio Cunha Lima-José Lacerda Neto, afastada pelo TSE sob alegação de conduta vedada no exercício do governo. Na época, Cássio reagiu qualificando a cassação da chapa como grave erro judiciário e se reabilitou na política conquistando o mandato de senador em 2010, que expira a primeiro de janeiro de 2019. Um outro político que se projetou estadualmente e nacional, Wilson Leite Braga, foi prefeito de João Pessoa, governador e vereador. Só que Wilson partiu para concorrer à Câmara Municipal dez anos depois de ter sido governador – ele foi eleito para o Executivo estadual em 1982, elegeu-se à prefeitura da Capital em 1988 e em 92 foi eleito vereador. Não chegou a concluir o mandato, afastando-se depois de ter sido, porém, presidente da Câmara. Sua votação foi expressiva e Wilson encerrou, recentemente, sua carreeira política iniciada em 1954 pelo primeiro mandato que exerceu – o de deputado estadual.
Líderes como Ricardo Coutinho já depuseram sobre a importância que a Câmara Municipal de João Pessoa tem para formação política de cidadãos interessados em ingressar na vida pública. Como vereador, Ricardo Coutinho trabalhou em articulação com entidades representativas de segmentos sociais, encampando suas reivindicações, por exemplo, na área de Farmácia e Saúde. Mas ele se projetou, também, por Comissões Parlamentares de Inquérito que buscou fazer funcionar na Câmara de João Pessoa, abordando temas como o da prostituição infantil. Muitos dos assuntos levados à pauta na Câmara da Capital paraibana nas duas últimas décadas versaram sobre temas que, ainda agora, são considerados atuais. A diferença, na opinião do atual presidente Marcos Vinícius da Nóbrega, é que as CPIs contemporâneas dispõem de melhor estrutura e meios mais modernos para apuração de fatos, levantamento de denúncias e preparação de relatórios que subsidiam o trabalho final dos parlamentares e das autoridades a quem está afeta a solução desses respectivos problemas.
Nonato Guedes