O presidente da Câmara Municipal de João Pessoa, Marcos Vinícius Nóbrega, já deflagrou a programação comemorativa dos 70 anos de reinstalação do poder legislativo municipal denominado de “Casa Napoleão Laureano” e ressalta que esta é uma oportunidade para resgatar fases marcantes da trajetória da instituição. Inúmeras personalidades políticas de destaque nacional foram convidadas pelo presidente Marcos Vinícius e outros membros da Mesa para participar de eventos do roteiro comemorativo e confirmaram presenças. Em 1997, na gestão de Aristávora Santos (Tavinho), a Câmara festejou o seu cinquentenário e sua história foi imortalizada em livro-pesquisa, com elaboração jornalística do também escritor Fernando Moura, através da Textoarte. Na apresentação, “Tavinho” ousou afirmar que a Câmara Municipal de João Pessoa, mais que a própria prefeitura, é “a cara da cidade”.
E explicou: “Muitas vezes tachada de folclórica, a Casa de Napoleão Laureano tem sido, ao longo das décadas, o principal campo de defesa dos interesses da população pessoense. O formato que a cidade tem hoje deve-se inquestionavelmente às ações de centenas de vereadores que, mesmo sob o manto partidário, souberam distinguir as prioridades da comunidade, dos aspectos sociais às obras físicas”. Nos anos 49, por exemplo, à falta de uma infraestrutura sanitária, era comum deparar-se nas ruas com a água servida e dejetos das residências que corriam a céu aberto pelas sarjetas da cidade – exemplificou Aristávora, pontuando que o perigo à saúde pública foi, então, encarado pelos vereadores da época como problema prioritário, recebendo diariamente protestos e encaminhamentos de propostas para soluções. “Tanto insistiram nesse ponto que os administradores municipais viram-se forçados a investir mais recursos em saneamento. E a população a educar-se. Hoje, por essa e outras ações político-administrativas, João Pessoa é a capital nordestina que dispõe da maior e melhor rede de esgotos e saneamento, mesmo considerando-se o déficit atual. Mas poderia ser pior, não fosse o empenho de gerações de legisladores municipais, Até alguns visionários”, acrescentou Aristávora Santos.
De acordo com a análise de “Tavinho”, equívocos, embates e oscilações culturais entre os integrantes da Casa sempre ocorreram e sempre ocorrerão, mas nunca se deixou de fazer o possível pela cidade. E pontuou, enfático: “De 1947 para cá, muita coisa mudou no cenário político nacional, estadual e municipal. Eleições presidenciais diretas e indiretas, um golpe de Estado, um impeachment, avanços, recuos, estagnações, desilusões e euforia. Memoráveis campanhas estaduais e municipais, entre 1950 e 1960, passaram deixando saudades. A ex-bucólica e agora pré-metropolitana João Pessoa viu dezenas de administradores nesse período. Uns mais ousados e eficazes, outros mais lerdos e esquivos. E a Câmara Municipal também refletiu essas mudanças de ares. Os vereadores de 11 legislaturas fizeram história defendendo sempre com ardor suas convicções político-partidárias. O que resultou em contrastes acentuados, em debates acalorados, em abordagens antológicas e até inesquecíveis confrontos físicos. Na maioria das vezes, ressalte-se , por teas de inquestionável importância para a comunidade. A cota por embates por bobagens fica creditada na conta humana de cada um dos 228 vereadores que refletiram, nos 50 anos de atuação, a média de opiniões, ações e interesses de todos os habitantes de João Pessoa. Isto é uma Câmara Municipal”, finalizou Aristávora Santos, atualmente suplente de senador.
O atual presidente Marcos Vinícius endossa o raciocínio de “Tavinho” Santos e recorda que além do papel como caixa de ressonância dos problemas que afetam a população da Capital, a Câmara tem sido celeiro de homens públicos com destaque na prefeitura de João Pessoa ou no governo do Estado. O atual prefeito Luciano Cartaxo (PSD), por exemplo, foi vereador e deputado estadual, além de vice-governador. O governador Ricardo Coutinho (PSB) foi vereador, prefeito da Capital por duas vezes e está no segundo mandato como governador, além de ter sido deputado estadual. O ex-vereador Carlos Mangueira foi prefeito de João Pessoa e, mais remotamente, Damásio Franca, que ocupou a prefeitura em várias ocasiões, ora por nomeação, ora pelo voto direto. No que diz respeito a Aristávora Santos, foi eleito em 1992, em primeiro mandato. Presidiu a Câmara Municipal de João Pessoa no período de 94/96 e foi reeleito em 1996, ocupando, também, funções na administração municipal pessoense.
Nonato Guedes