Nascido no Rio de Janeiro mas com vínculos familiares na Paraíba, Carlos Alberto Pinto Mangueira foi presidente da Câmara Municipal de João Pessoa e assumiu a prefeitura da Capital em 90, tendo exercido o cargo por dois anos e nove meses, com uma gestão aplaudida pela maioria da população. Formado em Economia e Direito pelo Unipê e UFPB, Mangueira elegeu-se vereador pela primeira vez em 1968, tendo sido presidente da Câmara em 1971. Depois disso, passou dez anos fora da política, atuando como professor da Universidade Federal da Paraíba. Em 82 voltou à Câmara e em 1988 foi candidato a vice-prefeito na chapa de Wilson Braga, que renunciou em 1990. Mangueira concluiu a gestão e depois ocupou postos na administração estadual, como o de presidente da Cagepa.
Seu pai, militar de formação, transferiu-se para o Rio em 1942, ano em que Mangueira nasceu. Aos sete anos de idade, Mangueira já era órfão de pai e mãe e por ser filho de militar teve direito a ensino gratuito no Colégio Militar do Rio, mas não seguiu a carreira das armas, preferindo retornar à Paraíba em 1965, onde avançou nos estudos e ocupou cargos administrativos, inclusive, na prefeitura de Santa Rita. Numa entrevista que concedeu ao jornalista Severino Ramos em 1996, Carlos Mangueira afirmava já detectar sinaiss de cobrança muito grande, por parte da população, quanto à eficiência do serviço público e descentralização de decisões. Do período em que administrou a Capital, exibiu um troféu: entre todas as Capitais, a prefeitura pessoense foi a que mais investiu na área social. Mangueira priorizou educação e saúde, deixou saldo financeiro em caixa e a municipalidade totalmente adimplente com suas obrigações.
Uma das frustrações de Mangueira foi não ter tido condições de modernizar e informatizar a prefeitura de João Pessoa, que, no seu tempo, era um inferno burocrático, nas suas palavras. Nas suas avaliações, o caminho futurista para a Capital da Paraíba seria investir maciçamente no turismo, especialmente no turismo ecológico, com aproveitamento do potencial ambiental. Sua tese era de que haveria necessidade do poder público fazer concessões a grupos privados para poder decolar o projeto de desenvolvimento. Pregava a revogação da “figura imperial” do prefeito que, a seu ver, devia ser um gerente, tocando os serviços essenciais reivindicados pela comunidade. Mangueira preocupava-se, naquela época, com a concentração de pontos de ônibus na Lagoa do Parque Solon de Lucena, causando tumulto e transformando a área em verdadeiro formigueiro humano. A concentração, para ele, estava levando, também, ao estrangulamento dos corredores viários como o da Pedro II e o da avenida Epitácio Pessoa. “É impossível equacionar o problema dos transportes coletivos sem pensar nos corredores viários”, prognosticava Mangueira.
O ex-prefeito, aludindo ao processo de crescimento urbanístico, alertava para a necessidade de serem vencidos alguns preconceitos quanto à construção de edifícios na orla marítima e propunha uma análise conjunta da prefeitura com grandes redes internacionais de hotéis sobre o que seria viável em João Pessoa. “Nós poderemos estar pagando um preço exagerado pela manutenção de alguns dogmas que nós próprios criamos. É isto que precisa ser avaliado nos aspectos lógicos, racionais e exequíveis. As concessões ao desenvolvimento, por outro lado, não serão ditadas pela prefeitura, mas pela própria comunidade”, prognosticava Carlos Mangueira. O ex-prefeito prevenia que o século 21 seria o século do conhecimento e pontuava: “Em determinados aspectos vai ser mais importante o conhecimento do que até mesmo os próprios recursos naturais. Por isso é preciso cuidar muito da área educacional, da formação das novas gerações, da preparação do cidadão para o trabalho”.
Na administração estadual, Carlos Mangueira ocupou cargos relevantes nos governos de Wilson Leite Braga e José Targino Maranhão, oferecendo subsídios técnicos valiosos para inovações que foram introduzidas na máquina gestora e no atendimento ao público mediante uma oferta de serviços em termos mais adequados. O ex-prefeito insistia na prioridade de atenção à área educacional, com formação das novas gerações e preparação do cidadão para o trabalho. Ele dizia que como gestor comparava João Pessoa com Capitais vizinhas, a exemplo de Natal, que elogiava pela ousadia em vencer barreiras e problemas de mentalidade, avançando na sua pauta de desenvolvimento. Não obstante a imensa folha de serviços prestados na administração, Carlos Mangueira deu por concluídas as missões nessa área e, também, no desempenho político a que foi alçado.
Nonato Guedes