O movimento denominado “O Sul é meu País” espalha-se nas redes sociais e em manifestações públicas, conduzido por representantes do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. Esses articuladores do separatismo mobilizam-se para realizar um plebiscito no próximo dia 7 para auscultar a tendência da maioria sobre o assunto. Dizem estar conscientes de que o plebiscito não tem valor legal, mas insistirão na mobilização para cooptar simpatizantes. Esta não é a primeira vez que movimentos separatistas ganham espaço no Brasil.
Em regra, o argumento predominante era o de que regiões como Norte e Nordeste apenas drenam recursos dos cofres públicos. esvaziando o potencial de Estados sulistas. A organização do “PlebiSul”, como está sendo denominado o plebiscito, pretende disponibilizar urnas em cerca de novecentas cidades daquelas regiões, a fim de ser obtida uma posição confiável sobre a manifestação dos votantes. Desta feita, expoentes da mobilização previnem que não há motivação para prejudicar populações de Estados do Nordeste. “Nossa briga é com o sistema político que está baseado em Brasília”, resumem expoentes do movimento separatista.
Os conflitos interregionais no Brasil agravam o relacionamento entre populações estaduais. Os Estados separatistas insinuam que contribuem com uma parcela expressiva para o desenvolvimento nacional mas alertam que os recursos são desviados para outras áreas geográficas brasileiras. A questão da transposição das águas do rio São Francisco, beneficiando apenas o Nordeste, foi alvo de polêmica, desta vez entre os próprios nordestinos, com direito a greve de fome de dom Cappio, da diocese de Barra, Salvador. O ex-senador paraibano Marcondes Gadelha, que sempre defendeu a transposição, queixou-se há alguns anos de manifestações de hostilidade de que foi vítima.
Houve um episódio interessante na década de 1980, quando o então governador da Paraíba Wilson Leite Braga, propôs a retirada de Minas Gerais do Conselho Deliberativo da Sudene, chamando o Estado mineiro de “gigolô da economia nacional” por sugar recursos produzidos em forma de investimentos. O governador de Minas, na época, era Tancredo Neve, que evitou qualquer polêmica nesse sentido. O sentimento antinordestino atraiu adesões de artistas e de personalidades que não atuam na política. Ainda hoje, aqui e acolá, os nordestinos são segregados por internautas em redes sociais, com postagens que, inclusive, caracterizaram preconceito racial. No caso de Minas Gerais, há regiões situadas no chamado Polígono da Seca, o que levou o governador paraibano a investir contra aquele Estado.
Nonato Guedes, com agências