O presidente Michel Temer (PMDB) preparou quase às pressas uma agenda de visitas ao Norte e Nordeste enquanto se mantém na expectativa sobre o desfecho no plenário da Câmara da tramitação ou não da segunda denúncia impetrada contra ele pela Procuradoria-Geral da República. Pelo menos 40 parlamentares estão listados em Brasília para audiências com Temer, que volta a abrir as portas do Planalto para fazer concessões. Na agenda de viagens o roteiro contempla inspeção na base de lançamento de Alcântara, no Maranhão, e cerimônia de assinatura de protocolo de intenções, cedendo lote para instituição religiosa em Belém do Pará, além da distribuição de ambulâncias com prefeituras.
Esta última prática faz lembrar o ex-governador de São Paulo, Paulo Maluf, que visitou Estados do Nordeste quando ocupava o Palácio dos Bandeirantes, fazendo cortesia com o chapéu alheio. Maluf esteve na Paraíba, cooptando convencionais para a disputa no PDS contra o ex-ministro Mário Andreazza na década de 80. Bateu Andrezza, mas no colégio eleitoral perdeu para Tancredo Neves, que ganhou o reforço de uma dissidência governista infiltrada no PFL (atual DEM). Os dissidentes indicaram José Sarney para a chapa da chamada Aliança Democrática, afinal vitoriosa. Sarney, inclusive, foi quem tomou posse, diante da morte de Tancredo, que padeceu longa agonia.
Michel Temer necessita de 171 votos para barrar a segunda denúncia contra ele no plenário da Câmara e interlocutores do governo afirmam, sem qualquer constrangimento, que o rolo compressor é o grande trunfo da gestão do peemedebista. Michel Temer passou a saudar deputados indagando o que você pode fazer em favor dos seus mandatos. O mandatário teme uma rebelião contra ele por demandas não atendidas e que estão represadas. Ao mesmo tempo, os emissários políticos que habitualmente o presidente utiliza, parecem fora de combate, uma vez que estão enfrentando denúncias paralelas em tribunais. Temer foi aconselhado a partir para o corpo a corpo, levando em conta o seu jogo de cintura e a experiência acumulada na Câmara, onde chegou a ser presidente.
Em pronunciamento divulgado nas últimas horas nas redes sociais o presidente Michel Temer se refere à inapropriedade das denúncias formuladas contra ele, pontuando que são acusações ineptas e sem consistência. O Palácio do Planalto está receoso de que a baixíssima aprovação popular ao governo de Temer seja uma espécie de combustível para intimidar parlamentares junto à opinião pública, levando-os a não contemporizar com os interesses do presidente da República. Auxiliares políticos mais próximos do chefe do Executivo estão cumprindo missões, dentro e fora de Brasília, para tentar salvar a todo custo o mandato de Temer.
Nonato Guedes, com agências