Um dos líderes mais populares da Paraíba e com uma trajetória longeva na vida pública, Wilson Leite Braga inverteu a lógica política e logrou a façanha de ser eleito vereador à Câmara Municipal de João Pessoa nas eleições de 92, depois de ter sido governador em 1982. Braga perdeu a eleição ao Senado em 86 e já em 88 se lançou candidato a prefeito da Capital, saindo vitorioso. Renunciou para concorrer novamente ao governo do Estado, agora em 1990, e em seu lugar assumiu a prefeitura o então vice Carlos Mangueira. Na batalha pelo Palácio da Redenção, perdeu em segundo turno para Ronaldo Cunha Lima, que ganhara o reforço do ex-candidato do PFL, João Agripino Neto, com largo trânsito nas camadas de classe média da urbe pessoense.
Em 92, para não ficar sem mandato e também como parte de estratégia para “puxar” votos para o seu esquema, Wilson disputou vaga no legislativo pessoense, batendo recorde de votos – em torno de 6.068 sufrágios. No dia 25 de agosto de 1993, Braga renunciou ao posto em caráter irrevogável. Um novo escrutínio para o cargo de presidente da Casa Napoleão Laureano foi realizado na sessão do dia 26 de agosto. Por um voto de diferença, Josauro Paulo Neto derrota Aristávora Santos (Tavinho) – foram 11 votos contra 10. Num livro sobre os 50 anos de vida pública de Braga, o escritor e teatrólogo Altimar de Alencar Pimentel recorda que com a votação extraordinária de Wilson, foram eleitos vários vereadores da coligação com o PDT, partido a que WB era filiado. Os pares de Braga o elegeram presidente do Poder, mas a expectativa de que ele alçasse voos maiores era aguardada sem surpresas.
O ex-governador voltou a candidatar-se a deputado federal em 1994, reelegendo-se para o quadriênio 1995-1999. Candidato à reeleição, obteve votação expressiva e exerceu mais um mandato no período 1999-2003. Pela segunda vez resolveu tentar a vitória ao Senado e foi novamente derrotado, ainda que por reduzido percentual de votos. Em 2010 partiu para disputar o último mandato de sua biografia – o de deputado estadual, o primeiro que exerceu. Cumpriu integralmente o mandato e deu por encerrada a sua participação na vida pública paraibana, depois de relevantes serviços prestados e de marcantes obras de infraestrutura pela Capital e pelos municípios de variadas regiões do interior do Estado. Na definição de Altimar Pimentel, político algum conquistou tantos amigos e também os conservou por igual tempo. “A opção pelos humildes foi espontânea, marca indelével de sua personalidade, jamais postura para consumo em época de eleição”, frisou Altimar Pimentel.
Lúcia tenta a prefeitura – A mulher de Wilson, Lúcia Braga, aceitou ser candidata à prefeitura de João Pessoa em 92. Wilson havia deixado o cargo há três anos e o vice, Carlos Mangueira, passou a ser encarado como adversário dos braguistas. As normas eleitorais referentes a impedimento de parentes até o segundo grau ou a cônjuge do titular do cargo “não poderiam me atingir, se o meu caso tivesse sido julgado com imparcialidade, sem a influência política”, teorizou Lúcia em suas memórias enfeixadas no livro “Tempo de Viver, Tempo de Contar”. E acrescentou: “Certa de que meu direito era bom, entrei na luta, chegando a ter 60% de preferência nas intenções de voto do eleitorado. Mais uma vez, contudo, a minha ascensão ao poder foi obstaculada. Os adversários ingressaram com ação de nulidade da pretensão alegando parentesco com o titular. Ganhei a questão no Tribunal Regional Eleitoral da Paraíba pelo comportamento imparcial da nossa magistratura”, historiou Lúcia.
A ex-deputada lamenta que em Brasília “a influência política dos adversários junto ao TSE tenha conseguido impedir a minha candidatura”. No depoimento inserido no livro, Lúcia agradece o empenho dos seus advogados Luiz Augusto Crispim e Vital do Rêgo “que com muita competência respaldaram juridicamente a nossa luta”. O direito de disputar as eleições foi perdido na instância superior. “Não me deixei abalar e no outro dia após o resultado do TSE voltei à Paraíba em clima de festa, com milhares de correligionários à nossa espera no aeroporto. E lancei, para me substituir, o nome do meu vice, Chico Franca, já no final do primeiro turno. Sob um clima emocional de revolta do povo com a minha impugnação, Chico Franca foi beneficiado e ganhou o pleito, tendo como vice a minha prima Emília Freire”, finaliza Lúcia Braga. Chico Franca derrotou naquele embate o candidato Chico Lopes, lançado pelo Partido dos Trabalhadores. Lopes estava exercendo mandato de deputado na Assembleia Legislativa.
Nonato Guedes