Formalmente, o primeiro presidente da Câmara Municipal de João Pessoa, que está celebrando 70 anos de fundação, foi Miguel Bastos, que permaneceu no cargo poucas horas, antes de assumir a prefeitura de João Pessoaa por licença do prefeito eleito Luiz de Oliveira Lima. Professor da Academia do Comércio, Miguel Bastos recebeu, para sua eleição, o apoio de docentes e alunos, que viam em sua ascensão a possibilidade de uma defesa intransigente na melhoria educacional. Na prática, o primeiro presidente foi Napoleão Laureano, cujo nome dá título ao poder legislativo de João Pessoa e que deixou exemplos de perseverança e altruísmo. Morreu no exercício do mandato em primeiro de junho de 1951, acometido de câncer.
O ex-prefeito Damásio Franca, que exerceu esse cargo por quatro vezes, teve iniciação política na Câmara Municipal. Ele era tabelião e líder estudantil. Udenista histórico, seguia a linha política de João Agripino Filho e Argemiro de Figueiredo. Um dos três remanescentes da primeira legislatura, em 47, Cláudio de Paiva Leite, advogado, veio a ser deputado federal, presidente da Caixa Econômica na Paraíba e chefe de Gabinete do breve governo Antônio Mariz, que faleceu no exercício do cargo em 1995. Paiva Leite fez a primeira reforma física da Câmara, introduzindo as bancadas individuais.
O vereador que mais vezes presidiu a Câmara Municipal de João Pessoa foi Cabral Batista. Dirigiu a Casa por oito vezes, sendo sete consecutivas, de 1964 a 1971. Gráfico, também presidiu o sindicato da categoria por 18 anos. Militou no Partido Comunista Brasileiro, chegando a ser preso durante o exercício do mandato. Foi indicado para a delegacia do IAPI pelos sindicalistas paraibanos. Assumiu a prefeitura por cinco vezes e foi vice-prefeito de 85 a 88. Nas eleições de 85, ele integrou a chapa encabeçada por Carneiro Arnaud, fruto de um acordo entre o PMDB e o PDS-PFL, que derrotou a chapa encabeçada por Marcus Odilon Ribeiro Coutinho, do PTB, apoiada pelo ex-governador Tarcísio de Miranda Burity. Carneiro e Cabral ganharam o pleito por 10 mil votos de diferença sobre a chapa Marcus Odilon-Gilvan Navarro.
Na galeria dos integrantes da Câmara Municipal de João Pessoa destacam-se representantes de diferentes segmentos e atividades. O economista e evangélico Carlos Gláucio, por exemplo, atuou de 1989 a 1991. Foi de sua autoria a lei que institui a obrigatoriedade de leitura de trechos da Bíblia na abertura das sessões de trabalho da Câmara. Sempre procurou aproximar o Poder Legislativo do Executivo e chegou a ocupar uma secretaria adjunta de Planejamento do Estado. Genivaldo Fausto começou sua vida política como contínuo da Câmara, chegando, graças aos seus méritos, ao posto de diretor da Secretaria da Casa. Passou a fazer parte do quadro de inativos do município. Atuou ainda como economista e advogado. Uma figura emblemática que passou pela presidência do legislativo pessoense foi o coronel e ex-comandante da Polícia Militar do Estado Sebastião Calixto. Nos depoimentos de antigos companheiros, Calixto é descrito como um enérgico presidente, tendo defendido a casa dos ataques feitos pelos vereadores que não se reelegeram. Destaca-se, ainda, Manoel Gonçalo, comerciante e advogado, eleito vereador pelo PDS. Para ser presidente, fez uma composição com o PMDB. Sua gestão foi considerada cordata e humana, recebendo as críticas com a mesma simplicidade que o caracterizou no tempo em que foi comerciante no Mercado Central.
Nonato Guedes