Será na quarta-feira, na Câmara Federal, a “prova de fogo” do presidente Michel Temer (PMDB) para se manter no cargo – nesse dia será votada a autorização ou não à segunda denúncia da Procuradoria-Geral da República contra o mandatário. Aliados do governo trabalham com vistas a assegurar um quórum alto na votação do parecer do deputado Bonifácio de Andrada, do PSDB-MG pela inadmissibilidade da denúncia conjunta contra o presidente e os ministros Eliseu Padilha e Moreira Franco. De acordo com roteiro da Mesa da Câmara, a apreciação do parecer ocorrerá em sessão deliberativa extraordinária marcada para as 9h.
Para que a Câmara autorize o Supremo Tribunal Federal a iniciar as investigações contra o presidente e seus ministros, são necessários, no mínimo, 342 votos a favor. Temer vale-se do rolo compressor do poder para angariar votos, acenando com liberação de emendas e concessão de favores reclamados por parlamentares. Num evento, ontem, no Paraná, em que elogiou a suposta retomada do crescimento econômico do país, Temer se disse bastante animado com os rumos do Brasil. Em diferentes trechos do discurso, o presidente afirmou: “O Brasil voltou”, referindo-se à queda na inflação e nos juros e o aumento no emprego como exemplos positivos na economia.
Acentuou, também, que o país atravessa um momento no qual os trabalhadores devem trabalhar juntos. “Esse conceito cooperativo serve muito a nós, é muito forte para o nosso país. É o que precisamos: brasileiro cooperar com brasileiro. Não admitimos um brasileiro contra outro brasileiro. A sensação é que o Brasil quer isto, quer cooperar”, diagnosticou. Em entrevista que concedeu a um site noticioso o presidente admitiu ter sido diagnosticado por médicos com uma obstrução parcial de artéria coronária, mas tentou mostrar tranquilidade. “Obstrução parcial é comum. Eu vejo muitas pessoas que têm essa obstrução e vivem normalmente. A receita foi esta: “Olha, tome aspirina infantil que é bom para fluir melhor o sangue e de tempos em tempos faça um exame, pois se aumentar a obstrução será preciso fazer um cateterismo”.
Há cerca de dez dias, quando foi revelado pela Rede Globo que o presidente deveria passar por um cateterismo após a votação da denúncia contra ele na Câmara, o Palácio do Planalto afirmou que não havia previsão de intervenção no presidente. Indagado se teria medo de passar pelo procedimento cirúrgico, Temer foi incisivo: “Não, nunca tive medo”. O presidente, de acordo com versões, estaria com uma artéria coronária 55% obstruída e disse estar usando um medicamento importado dos Estados Unidos, mas da marca alemã Bayer. No campo político, o Diário Oficial da União publicou ontem decretos assinados pelo presidente da República com a exoneração de oito ministros de Estado, que possuem mandatos na Câmara dos Deputados, para onde retornam a fim de participar da votação em plenário, prevista para quarta-feira, da segunda denúncia da PGR contra Temer.
Nonato Guedes, com agências