O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM), disse que vai conduzir a votação da segunda denúncia contra o presidente Michel Temer, hoje, em plenário, de modo a encerrá-la até à noite. A oposição promete obstruir e criar desgaste. Além de Temer, a denúncia envolve os ministros Eliseu Padilha, da Casa Civil, e Moreira Franco, da Secretaria-Geral da Presidência. O governo, nas últimas horas, abriu os cofres para os parlamentares e mais que dobrou a liberação de emendas neste mês, em comparação com setembro ou agosto.
De acordo com dados da Consultoria de Orçamento e Fiscalização Financeira da Câmara, o empenho de emendas individuais que havia ficado em R$ 138 milhões em agosto e R$ 273 milhões em setembro, saltou para R$ 687 milhões apenas nos primeiros 23 dias de outubro. Deputados da oposição acusaram o governo de negociar emendas como moeda de troca para conseguir barrar as acusações de que o presidente seria o chefe de uma organização criminosa com tentáculos no PMDB da Câmara Federal, de acordo com os termos da denúncia formulada ainda pelo ex-Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot.
A movimentação desencadeada nas últimas horas em Brasília também foi registrada quando a Câmara analisou e rejeitou a primeira denúncia contra o presidente Michel Temer por corrupção passiva. Os líderes dos principais partidos de oposição vão trabalhar para tentar adiar a votação da segunda denúncia anti-Temer. A intenção de PT, PDT, PSB e PC do B é, diferentemente da análise da primeira denúncia, não marcar presença na sessão de hoje e, com isto, provocar a derrubada por falta de quorum. Embora não tenham participado do encontro que selou essa estratégia, Rede e PSOL tendem a adotar idêntica posição. Para que a votação seja iniciada é preciso que pelo menos 342 dos 513 parlamentares registrem presença. Embora a oposição, sozinha, não tenha número suficiente para barrar a sessão, ela conta com dissidentes da base governista.
O líder do PT na Câmara, Carlos Zaratini (SP) revelou que a oposição fará um esforço muito grande de mobilização ao contrário, no sentido de esvaziar o quorum para votação. O objetivo dos oposicionistas é estender ao máximo o desgaste do governo, que por sua vez assegura dispor de pelo menos 240 sufrágios para tentar barrar a votação – o Planalto precisa de pelo menos 171 deputados. O procurador da República, Deltan Dallagnol, afirmou ontem em Curitiba que entidades da sociedade civil lançarão um novo pacote anticorrupção. São mais de 100 propostas com melhorias na transparência pública, nas regras das licitações e no sistema político-eleitoral.
Nonato Guedes e agências