7 X 5. Esse foi o placar da votação da bancada federal paraibana, ontem, em Brasília, durante a sessão que deliberou pelo arquivamento da segunda denúncia contra o presidente Michel Temer (PMDB) e, consequentemente, pelo fim das investigações sobre atos delituosos a ele atribuídos. Além de Aguinaldo Ribeiro (PP), que atuou nos bastidores para conseguir votos favoráveis a Temer, manifestaram-se solidários ao presidente da República os deputados André Amaral e Hugo Motta, do PMDB, Efraim Filho, do Democratas, Rômulo Gouveia, do PSD e Wilson Filho, do PTB.
No reverso da medalha, votaram contra o presidente Michel Temer os deputados Luiz Couto, do PT, Veneziano Vital do Rego, do PMDB, Damião Feliciano, do PDT, Wellington Roberto, do PR e Pedro Cunha Lima, do PSDB. Veneziano Vital do Rego desafiou, mais uma vez, a ameaça de sanções da Executiva Nacional do PMDB contra os chamados parlamentares dissidentes. Na primeira votação em que se manifestou favorável ao prosseguimento das investigações envolvendo Temer, o deputado foi admoestado pela direção nacional peemedebista e suspenso de atividades de direção partidária, o que o levou a examinar propostas de outros partidos para migrar.
O deputado Efraim Filho, do Democratas, cobrou dos parlamentares e do presidente que, uma vez superadas as discussões no Congresso acerca dessa questão específica envolvendo Temer seja imediatamente colocada em prática a agenda positiva para equacionar desafios urgentes da sociedade brasileira. O deputado federal Luiz Couto, do Partido dos Trabalhadores, disse ter sido constrangedora a manifestação de apoio a Michel Temer pela maioria dos deputados, ainda que a margem tivesse sido apertada, em analogia com a primeira votação. “Os deputados que hipotecaram solidariedade a um presidente golpista mais uma vez deram as costas à sociedade, que maciçamente reprova a gestão do Sr. Michel Temer”, verberou o petista.
Da parte de deputados de outros Estados, pipocaram reações incisivas contra o governo Temer. Miro Teixeira, Rede-RJ, afirmou que houve uma barganha deslavada por votos e ressaltou que os parlamentares que se submeteram a tanto “são confessadamente movidos por dinheiro”. Por sua vez, Alessandro Molon (Rede-RJ) enfatizou: “Não aceitamos que o presidente da República tenha que trocar votos por trabalho escravo no país”, referindo-se a uma polêmica matéria oriunda do Executivo e versando sobre regras para adoção do trabalho escravo. Na sessão de ontem os governistas levaram oito horas para reunir o número mínimo de deputados, formando o quorum exigido para a votação em plenário. Na primeira votação ocorrida em agosto, a denúncia foi barrada por 263 votos a 227. Os dois casos invocados – acusação de corrupção passiva na primeira e obstrução da Justiça e organização criminosa na segunda ficam congelados e só voltarão a tramitar depois do fim do mandato de Temer.
Nonato Guedes