O jurista paraibano Luciano Mariz Maia, vice-procurador-geral da República na atual gestão da Procuradora Raquel Dodge, disse em entrevista à TV Correio da Paraíba que não teme a exploração de seus vínculos familiares com políticos investigados na Operação Lava-Jato, a exemplo do senador José Agripino Maia, do DEM do Rio Grande do Norte. Luciano pertence a uma família que se compõe de muitos políticos, tanto na Paraíba como no Rio Grande do Norte. Na posição em que se encontra atualmente na PGR, acompanha o trabalho de denúncia de deputados e senadores por parte da instituição.
Os casos da Lava-Jato tramitam no Supremo Tribunal Federal e são monitorados diretamente pela Procuradora Raquel Dodge, nomeada pelo presidente Michel Temer, mas, sendo seu substituto, Luciano Maia pode vir a ser convocado para se manifestar. Ele assegurou aos entrevistadores da TV Correio que se for convocado para representar a PGR em casos de denúncia de políticos com quem tem laços familiares não hesitará em afirmar a sua suspeição. Desde que ingressou no Ministério Público Federal em 1991, Luciano Mariz Maia não teve mais qualquer atuação político-partidária, como ele asseverou. Daí porque, pessoalmente, considera “firme” o desempenho das suas atividades na Procuradoria.
Antes de ingressar no MPF, Luciano Mariz Maia foi advogado eleitoral e delegado de partidos e candidatos, tendo participado mesmo de grandes embates eleitorais no Estado da Paraíba, principalmente. Ele contou que seus exemplos de convivência foram João Agripino, seu tio e amigo, e Antônio Mariz, conhecido pela seriedade e integridade. A participação em campanhas políticas foi importante para Luciano, de acordo com ele, porque lhe deu experiência valiosa. “Ganhei uma experiência que só a política pode dar: não olhar ninguém como superior e não olhar ninguém como inferior”, resumiu.
Luciano Mariz Maia informou que todas as semanas se encontra com deputados e senadores da Paraíba em voos, indo ou voltando de Brasília, e trata a todos com extremo zelo, respeito e atenção, “em razão da imensa capacidade que têm de representar instituições essenciais à democracia”. Observou, entretanto, que ao mesmo tempo esses políticos têm consciência da sua missão na Procuradoria, do mandato para o qual foi indicado e da obrigação de cumpri-lo à altura. “A obrigação precede a devoção”, citou Luciano Mariz Maia, para justificar a conduta que pretende continuar mantendo na Procuradoria. Ele foi, também, Secretário de Governo na Paraíba, numa das administrações do ex-governador Tarcísio de Miranda Burity. Ao avaliar o desencanto de parcelas da sociedade brasileira com os rumos da conjuntura política nacional, Luciano externou uma mensagem apelando para que haja confiança no equacionamento dos desafios e de outros problemas de grave repercussão que o País está enfrentando.
Nonato Guedes