O ex-deputado federal Manoel Júnior (PMDB) vem demonstrando na cena paraibana que é um político eclético, disponível ou aberto para composições com forças distintas da conjuntura estadual. Ele foi, por exemplo, vice-prefeito de Ricardo Coutinho (PSB) na primeira eleição deste a prefeito de João Pessoa em 2004. Júnior sentiu-se desconfortável no posto por não ter espaços de mobilidade política, devido ao estilo centralizador de Ricardo. Ele sentiu que estava sendo apenas uma figura decorativa e largou o barco, preferindo candidatar-se a deputado já nas eleições de 2006.
Agora, Manoel Júnior ocupa a vice-prefeitura da Capital na gestão de Luciano Cartaxo, do PSD. Aparentemente a relação entre os dois é cordial e se pauta, também, pela confiança, de que são exemplos as viagens do titular, até para o exterior, com a transmissão de cargo e de poderes a Júnior. “Sinto-me prestigiado por Luciano Cartaxo e participante ativo das decisões que são tomadas para o desenvolvimento sócioeconômico de João Pessoa”, compara Manoel Júnior. Cartaxo também ocupou uma vice, mas no Executivo estadual, mas como companheiro de chapa de José Maranhão (PMDB) na disputa pelo governo em 2006, vencida por Cássio Cunha Lima. Só com a cassação deste em 2009 é que o TSE convocou Maranhão e Luciano, integrantes da chapa que ficou em segundo lugar em 2006, a complementarem o mandato.
Manoel Júnior, por duas vezes, foi prefeito de Pedras de Fogo, cidade situada no litoral que faz fronteira com o vizinho Estado de Pernambuco. Como deputado estadual, ele procurou aprofundar informações e conhecimentos sobre a realidade enfrentada pela Capital paraibana. Foi atraído para a vice de Luciano Cartaxo diante da perspectiva de assumir a titularidade da prefeitura, com suposta desincompatibilização do atual gestor para concorrer ao governo do Estado. Até aqui, Luciano Cartaxo tem mantido a disposição de concorrer ao Palácio da Redenção, mas os analistas políticos recomendam cautela em casos dessa natureza, já que há o risco concreto de Cartaxo não assumir a postulação e, nesse caso, ficar no mandato de prefeito até o fim.
No segundo mandato como prefeito de João Pessoa, iniciado em 2009, Ricardo Coutinho teve como vice o arquiteto Luciano Agra, já falecido. A escolha pegou de surpresa partidos que se diziam alinhados com Ricardo, a exemplo do PMDB. O senador José Maranhão chegou a desabafar, no calor das decisões, que o vice não tinha votos e insinuou que isto poderia prejudicar pretensões políticas futuras de Ricardo, o que não aconteceu. O rompimento de Luciano Agra com o governador deu-se quando Agra ensaiou movimentos dentro do PSB para ser homologado candidato à reeleição. Ricardo vetou peremptoriamente a pretensão. Não se sensibilizou, também, com a orquestração midiática de Agra para ser adotado candidato em 2012. Como represália por ter sido impedido de ser candidato, Agra bandeou-se para a campanha de Luciano Cartaxo e operou para a inclusão do jornalista Nonato Bandeira (PPS) como vice. Com o término do primeiro mandato de Cartaxo e a opção deste por Manoel Júnior para a vice, Nonato Bandeira acabou se reaproximando do governador Ricardo Coutinho e espera contar com seu apoio decisivo para disputar um mandato de deputado federal em 2018.
Nonato Guedes