Em meio a uma profunda crise nacional, agravada pela destituição de Tasso Jereissati da presidência nacional do PSDB por iniciativa do senador Aécio Neves, o presidente regional do partido na Paraíba, Ruy Carneiro, será reconduzido ao posto em convenção prevista para hoje, tendo como vice-presidente Ronaldo Cunha Lima Filho, ex-vice-prefeito de Campina Grande e como secretário-geral Zenóbio Toscano, prefeito de Guarabira. Ruy Carneiro condenou qualquer ação do governo do presidente Michel Temer que venha a favorecer a ala governista no ninho tucano.
– Vamos à luta para manter o PSDB no caminho correto. Por isso, lamento qualquer tentativa de interferência do governo que está inteiramente desconectado dos interesses da população. É preciso deixar imediatamente o ministério e renovar a direção nacional – apregoou Ruy, ontem, ao comentar a conjuntura nacional. Por sua vez, o senador Cássio Cunha Lima criticou as manobras operadas no seio do PSDB e declarou-se ostensivamente decepcionado com o comportamento de Aécio Neves, que é acusado dentro da legenda de fazer o jogo do esquema do presidente Temer, do PMDB.
A convenção estadual do PSDB hoje contará com a presença de dirigentes de outros partidos. Um que confirmou prestigiamento ao evento é o senador José Maranhão, que preside o diretório regional do PMDB e que já lançou a pré-candidatura ao governo do Estado em 2018. A crise nacional do PSDB está tendo sérios reflexos no âmbito estadual, onde há uma expectativa de “acerto dos ponteiros” para que o ninho tucano possa definir estratégias para o futuro. Na convenção nacional do PSDB, a seção paraibana terá 16 votos: Cássio e Pedro Cunha Lima, Ruy Carneiro, Eliza Virgínia, Bruno Cunha Lima, Tovar Correia, Camila Toscano, o ex-senador Cícero Lucena e sua mulher, Lauremília, o prefeito de Campina Grande, Romero Rodrigues, os prefeitos de Guarabira, Zenóbio Toscano e Patos, Dinaldo Wanderley, Iraê Lucena, Diogo Cunha Lima e Jorge Ribeiro Coutinho.
A propósito da crise nacional que acomete o PSDB: o presidente Ruy Carneiro garante que os paraibanos vão votar em peso no cearense Tasso Jereissati, alegando que ele é quem representa de verdade o partido e as suas bandeiras éticas e de transformação, essenciais para a retomada do crescimento econômico. Diante da aproximação estreita entre Aécio Neves e Michel Temer, Ruy Carneiro é enfático: “Há tempo que Aécio Neves já não nos representa e que a presença do PSDB no governo perdeu sentido. O partido aceitou participar da gestão peemedebista em virtude dos seus compromissos com o país e com a estabilidade política e econômica. Mas as tentativas de interferência do Planalto no âmbito partidário extrapolam todos os limites e nós as repudiamos com destemor”.
Michel Temer se empenhou decididamente por Aécio Neves quando o senador estava na iminência de perder o mandato em razão de ação no Supremo Tribunal Federal que foi submetida a análise do Senado. O estreitamento da relação Aécio-Temer não foi bem encarada junto a lideranças tucanas expressivas, como o próprio ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, ainda consultado na tomada de decisões. O chamado golpe de mão intentado nas últimas horas por Aécio Neves, desalojando Tasso Jereissati da presidência nacional e transferindo o cargo para Alberto Goldman, ex-governador de São Paulo, aguçou os ânimos internos, com ameaças de revanche a Neves na convenção de dezembro que renovará a direção tucana. É certo, também, que Aécio Neves perdeu credenciais para tentar novamente a indicação como candidato a presidente da República pelo PSDB.
Nonato Guedes