Colunista da IstoÉ, Mário Vitor Rodrigues tem uma coisa em comum com o cantor e compositor paraibano Vital Farias, autor de clássicos da Música Popular Brasileira, como Saga da Amazônia e Ai que saudades de ocê: ambos desejam a morte de Luiz Inácio Lula da Silva, o ex-presidente Lula. Morte real ou morte política, não importa. Os dois, na verdade, desejam que o ex-presidente saia de cena definitivamente.
Mário Vitor escreveu, em artigo publicado no dia 10 de novembro: Pelo bem do País, Lula deve morrer. Eis uma verdade incontestável. Digo, se Luiz Inácio ainda é encarado por boa parte da sociedade como o prócer a ser seguido, se continua sendo capaz de liderar pesquisas e inspirar militantes Brasil afora, então Lula precisa morrer. E acrescenta: bom mesmo será ter a chance de ver Lula sucumbir politicamente.
O comentário do Mário Vitor gerou reações de internautas por todo o país. Pode-se alegar que ele está desejando a morte política e não apenas física do ex-presidente. Mas num país cercado de intolerância beligerante por todos os lados é no mínimo irresponsável um jornalista escrever um artigo com o título Lula deve morrer. Principalmente sabendo-se que muitos usuários de redes sociais lêem apenas o título dos links compartilhados.
Ontem, este jornalista aqui repercutiu, em sua página no Facebook, o artigo do Mário Vitor, questionando o tom do Lula deve morrer. O compositor Vital Farias não pensou duas vezes e comentou logo abaixo da postagem, corroborando com o pensamento do Mário Vitor: Isto deveria ter acontecido há muito tempo !! Ora Bolas???
O comentário de Vital Farias gerou reações indignadas contra o músico paraibano, com alguns sugerindo apagar o comentário do compositor e outros sugerindo mantê-lo. O que eu me pergunto, constantemente, é se essa galera como Vital Farias sempre foi assim ou foi o tempo, a vida, a caretice que os deixaram desse jeito patético, questionou o poeta Jon Moreira. O que acontece com a mente de um poeta grandioso que tem um pensamento inusitado desses?, completou Dira Vieira, professora e jornalista.
Os questionamentos continuaram. Como pode um artista ter se transformado nisso?, indagou Áurea Cristina Barros. Eu também gosto do trabalho musical de Vital, mas detesto esse outro lado dele. Esse outro lado dele retrógado e desumano. Desumano, sim! Porque querer a morte de alguém, basta! Foi suficiente para jogar no lixo tudo de bom que fez como músico e compositor, desabafou Cleudimar Ferreira. E a jornalista Albiege Fernandes acrescentou: A se matar pessoas por algo errado que ela tenha feito – e sem provas! – outras pessoas já teriam sido eliminadas também. Wagner Lima reforçou: Tem artista que só é idolatrado porque não usa redes sociais, porque é raro não haver um fosso entre beleza de obra e coerência de artista como cidadão diante de sua própria obra. Lamentável! Pode ter a melhor obra do mundo, não pago um ingresso sequer pra gente que prega ódio ter arroz e feijão com meu dinheiro.
Bia Kelly ressaltou que a manchete é chocante, mas não passa de um artifício retórico. A morte apregoada no texto é a morte política de Lula, a morte do mito político através de prisão e derrota eleitoral. Em momento algum o texto fala em homicídio ou mesmo pena de morte. E Edward Barros Caetano comentou: Eu ainda acredito que Vital Farias, ainda não ensandeceu. Ele fala de uma verdade que a gente talvez não a conheça, ele conviveu com Lula e assim, conhece bem o procedimento do Lula, como homem comum, nós só conhecemos o Lula político, o Lula apresentável e não conhecemos o verdadeiro Lula dos casos Danieis e tantos outros. Por isso eu acho que Vital ainda fala com razão e conhecimento de causa. Não vamos ser hipócritas. Crime de lesa pátria ou até crimes menores, em países sérios e de um povo que tem vergonha na cara, se paga com a própria vida e Deus perdoa. Polêmicas à parte, o certo é que, para utilizar-se de expressão do próprio Vital Farias na canção Veja Margarida, a atitude concordando com o artigo do Mário Vitor deixou seus fãs com gosto de sabão na boca. Como disse Alana Agra, Ou é o começo do fim ou é o fim.
Linaldo Guedes
Ja quebrei o Cantoria 1 e 2