Com o pedido de demissão do tucano Bruno Araújo (PE) do Ministério das Cidades, ontem, dando início ao desembarque do PSDB do governo federal, o presidente Michel Temer (PMDB) precipitou as discussões sobre a reforma ministerial prevista para as próximas semanas. O PP quer voltar a comandar a Pasta das Cidades, que no governo Dilma Rousseff foi exercida pelo deputado Aguinaldo Ribeiro, da Paraíba, atual líder do governo Temer e que é mencionado na bolsa de apostas, juntamente com o atual presidente da Caixa Econômica Federal, Gilberto Occhi.
O presidente esteve reunido com o presidente nacional do PP, senador Ciro Nogueira, do Piauí, para discutir a ocupação dos principais cargos no escalão federal. Temer vai convocar nos próximos dias os caciques de outros partidos que dão sustentação ao seu governo, entre os quais o ex-deputado Valdemar Costa Neto. Nas conversas processadas ao longo do dia em Brasília, o presidente afirmou que o redesenho do seu governo deve estar formatado até a próxima semana e que os novos ministros devem começar a trabalhar até a segunda semana de dezembro. Há um porém no enredo: Temer avisou que não convocará quem for candidato em 2018.
Segundo a Folhapress, ao acelerar a redistribuição dos cargos com partidos da sua coalizão, o presidente Michel Temer tenciona abrir caminho para tentar votar a reforma da Previdência até o fim do ano, pelo menos na Câmara Federal. As siglas rejeitam discutir o assunto enquanto não forem contempladas com cargos. Além de redistribuir Pastas sob controle do PSDB, Temer fará outras substituições, usando como critério as eleições de 2018. Araújo abriu a porta de desembarque em virtude da situação insustentável dentro do PSDB, que enfrenta uma das mais sérias crises internas. Há outros três ministros tucanos na berlinda – Aloysio Nunes Ferreira, das Relações Exteriores, Luislinda Valois, dos Direitos Humanos e Antônio Imbassahy, da Secretaria do Governo, mas o Planalto não acredita que eles seguirão o caminho da demissão.
Bruno Araújo entregou sua carta de exoneração minutos antes de cerimônia presidida por Temer em Brasília. No gabinete do presidente, ele chorou e disse que estava tomando a decisao para não se tornar personagem da crise no PSDB. Na carta-despedida, agradeceu a Temer pela confiança e disse não ter mais apoio da sigla para se manter no cargo. A jornalistas, Bruno queixou-se da falta de firmeza do PSDB para que ele continuasse no cargo e reiterou que sua permanência na equipe presidencial dependia do respaldo da sigla. O PSDB está rachado entre alas que defendem a manutenção do apoio a Temer e alas favoráveis ao desembarque imediato. Araújo apoia o senador Tasso Jereissati (CE) para presidir nacionalmente a legenda tucana. Jereissati foi destituído do posto por uma operação comandada diretamente pelo senador Aécio Neves, licenciado do exercício da função. Comentando a crise que estourou no ninho tucano, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso asseverou que o partido não teem caudilhos e atribuiu as divergências a uma disputa interna de facções. O ex-presidente cumpre agenda nos Estados Unidos esta semana.
Nonato Guedes