Os familiares do monsenhor José da Silva Coutinho (Padre Zé) e a comunidade católica mandam celebrar missas hoje à tarde na Igreja Nossa Senhora do Carmo e à noite na Igreja de Santa Terezinha, Bairro do Roger, em João Pessoa, pela passagem de 120 anos de nascimento do monsenhor José da Silva Coutinho, “Padre Zé”, como era chamado o grande benfeitor dos pobres. Nascido a 18 de novembro de 1897 em Esperança, integrante de uma família de cristãos católicos, Padre Zé era sobrinho de Dom Santino Maria da Silva Coutinho, que foi arcebispo no Pará e em Alagoas e que muio o orientou na vida espiritual nos primeiros anos de sua vida. Também era seu padrinho de batismo o monsenhor Odilon da Silva Coutinho, que foi Vigário Geral da Arquidiocese da Paraíba e seu tio.
Até a véspera de sua morte, Padre Zé esteve nas ruas de João Pessoa em sua cadeira de rodas, pedindo esmolas para ajudar aos pacientes do Instituto São José e ao Hospital que tem seu nome e foi por ele construído para atender aos carentes. No dia dois de novembro de 1973, Dia de Finados, o sacerdote esteve no Cemitério Senhor da Boa Sentença, repetindo o ritual de recolher donativos. O forte calor no cemitério causou-lhe mal estar e ele foi levado ao Instituto, onde sobreveio uma crise que provocou a transferência para o Prontocor. Às 12h30 do dia cinco de novembro de 73, não resistiu e faleceu. Milhares de pessoas participaram das exéquias na Igreja do Carmo e de várias cidades da Paraíba chegaram caravanas de fiéis. Coube a dom José Maria Pires, então arcebispo e recentemente falecido, reger a missa de corpo presente concelebrada por diversos sacerdotes. O sepultamento no cemitério Senhor da Boa Sentença atraiu público expressivo e a cada ano formam-se romarias para visitar o seu túmulo. O jornalista e diácono José Nunes escreveu plaquete que foi encartada no jornal A União, reconstituindo os passos de Padre Zé e as suas batalhas em prol dos desfavorecidos.
Quando jovem, José Coutinho passou poucos anos em Esperança, cidade próxima a Campina Grande, indo residir em um engenho comprado por seus pais no distrito de Pilões, município de Serraria, região do Brejo. Em João Pessoa, estudou no Colégio Nossa Senhora das Neves e, como seminarista, foi um dos fundadores do jornal “O Lábaro”, de circulação restrita. Posteriormente editou a revista “A Luz” e criou uma cooperativa escolar pioneira no Estado para ajudar aos seminaristas pobres na compra de material didático e pertences pessoais. Foi a primeira de uma série de ações por ele idealizadas em prol dos mais necessitados. Fundou a Orquestra Regina Pacis, que marcou época por muitos anos com apresentações em igrejas e capelas da Paraíba. Sua ordenação como padre ocorreu a 23 de março de 1920 na Catedral, pelo arcebispo dom Adauto. Foi capelão da Ordem Terceira do Carmo, vigário da Catedral Metropolitana, Capelão do Abrigo Jesus de Nazaré e da igreja de Nossa Senhora das Mercês. Iniciou por essa época a construção da Igreja de Santa Terezinha, no Bairro do Roger. Recebeu títulos de Cidadão Benemérito de 40 municípios e apresentava um programa aos sábados na rádio Tabajara. Ele inovou na administração do jornal “A Imprensa”. No decorrer dos seus 76 anos, foi um realizador incansável de obras sociais em benefício dos pobres, a quem era devotado. Foi agraciado pela Santa Sé com o título honorífico de Camareiro Secreto, extra-numerário de Sua Santidade o Papa Pio XII, distinção que lhe conferiu o direito de ser denominado Monsenhor em novembro de 1951.
Nonato Guedes