João Pessoa sediará, a partir de amanhã, o Encontro Nacional de Forrozeiros e uma audiência do Senado sobre a preservação do gênero do forró de raiz ou forró pé de serra. Pelo menos 70 artistas desse ritmo passarão pela Capital paraibana nos três dias do evento, já que o Segundo Fórum Nacional do Forró de Raiz é realizado em paralelo ao Encontro Nacional de Forrozeiros. A coordenadora do Fórum, Joana Alves, disse ter grande expectativa sobre o potencial dos debates e seus efeitos práticos. “Espero que daqui tiremos as linhas gerais de uma lei que garanta de alguma maneira a sustentabilidade ao forró”, afirmou, em entrevista ao “Correio da Paraíba”.
Antecedendo o Fórum, será realizada audiência pública da Comissão de Desenvolvimento Regional e Turismo do Senado sobre políticas públicas para a salvaguarda do forró. A reunião na Sala José Siqueira, no Espaço Cultural, deve trazer a João Pessoa os senadores integrantes da CDR, além de representantes de órgãos ligados à cultura. Joana Alves informa que ao final será elaborada a Carta do Forró, apontando caminhos para o extenso trabalho de campo em que o ritmo será mapeado. Defensora da bandeira levantada pelos forrozeiros, a senadora Fátima Bezerra, do Rio Grande do Norte, lembra que o frevo pernambucano já foi tombado pela Unesco como patrimônio imaterial da humanidade e que, do mesmo modo, o forró tem bons antecedentes para ser eternizado.
O Forum e o Encontro de Forrozeiros serão abertos às 20h de amanhã no Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes da UFPB. O governador Ricardo Coutinho confirmou participação num dos debates sobre a temática, assim como representantes de universidades. Mesas-redondas, palestras e rodas de conversa vão debater desde as questões puramente artísticas e culturais até aspectos que dizem respeito à gestão de recursos públicos e controle de gastos no tocante aos eventos patrocinados pelo poder público. Também se discutirá como o forró pode dar sua contribuição didática em sala de aula e como dela pode se reenergizar, principalmente na memória dos jovens.
A polêmica em favor da preservação do autêntico forró nordestino ganhou força nos festejos juninos deste ano em Estados do Nordeste, quando houve “invasão” de artistas que se dizem expoentes da música “sertaneja universitária” e são radicados em grandes centros como São Paulo ou baseados em regiões agropecuárias como o Mato Grosso do Sul. Por ocasião do maior São João do Mundo em Campina Grande, a cantora paraibana Elba Ramalho polemizou abertamente com a cantora Marília Mendonça tendo como pano de fundo a concorrência desleal que estaria sendo praticada pelos que se dizem novos arautos da música de forró. Elba propôs um debate ampliado e democrático e chegou a ser enérgica, reclamando respeito a artistas que há muito tempo batalham no Nordeste com extremas dificuldades para manter intactas as raízes do forró e outras variações da música nordestina.
Nonato Guedes