Na contramão das declarações do senador Lindbergh Farias (PT-RJ), que considerou precipitado o lançamento da candidatura da deputada estadual Manuela D’Avila, do PCdoB-RS, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva prestigiou no final de semana o congresso nacional do Partido Comunista do Brasil que referendou o nome de Manuela e teceu elogios à parlamentar, ao mesmo tempo em que exortou ao reatamento da aliança PT-PCdoB. Desde a chamada redemocratização em 85, com o fim da ditadura militar, os dois partidos tornaram-se aliados, mas o PCdoB sempre foi uma espécie de “satélite” do PT, apoiando suas candidaturas à presidência da República sem contrapartida de participação na chapa.
Desta feita, a cúpula comunista optou pelo lançamento de candidatura própria e fixou-se no nome de Manuela, levando em conta o perfil renovador que ela encarna, a coerência na sua atuação nos quadros do PCdoB e o preparo para a discussão dos temas nacionais. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que mantém a expectativa de ser liberado pela Justiça para disputar mandato em 2018, afirmou no congresso do PCdoB que a vitória das oposições na eleição presidencial do próximo ano não será difícil, referindo-se ao que considera desgaste do governo empalmado pelo presidente Michel Temer, do PMDB, bem como à divisão que na sua opinião já está ocorrendo entre “os partidos que fizeram o conluio para dar o golpe e afastar Dilma Rousseff do poder”.
Lula está condenado a nove anos e seis meses de prisão pelo juiz Sérgio Moro,mas está recorrendo nas esferas judiciais e não acredita que venha a ter uma eventual candidatura sua impugnada em 2018. Quando do anúncio do nome de Manuela D’Avila pelo PCdoB, a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, senadora pelo Paraná, saudou entusiasticamente a colega gaúcha e fez votos de uma união entre os dois partidos na fase decisiva das eleições gerais. Lindbergh Farias,entretanto, ironizou o lançamento de Manuela D’Avila e salientou que além de inoportuno desagregaria as forças de esquerda e de oposição para o enfrentamento contra os conservadores e governistas na campanha de 2018.
Enquanto Lula afagava Manuela, o deputado federal Jair Bolsonaro manifestava confiança nas suas chances de figurar no segundo turno das eleições presidenciais de 2018. Ele argumenta que sua posição está consolidada como alternativa para segmentos da sociedade que repudiam os escândalos verificados nos governos petistas, enfeixados por Lula e Dilma Rousseff, bem como junto a setores que não se identificam com o governo do presidente Michel Temer. Bolsonaro identifica que há um sentimento de mudança “latente” junto a grande parte do eleitorado e acredita que tem plenas condições de galvanizar o “estado de protesto” de que essas parcelas estariam acometidas.
Nonato Guedes, com agências