O presidente Michel Temer fixou uma agenda de almoços e jantares esta semana em Brasília com parlamentares da base governista a fim de assegurar apoios à aprovação da reforma da Previdência, dobrando reação negativa de muitos deputados, que consideram impopulares as medidas formatadas para envio à Câmara. Temer tem pressa em aprovar a reforma antes do recesso parlamentar de fim de ano tendo em vista que 2018 é ano eleitoral e será mais difícil, ainda,convencer políticos que disputarão a reeleição ou outros mandatos a apoiarem o texto oficial.
O presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia, do DEM, prometeu colocar a matéria em votação se houver um acordo de lideranças de bancadas mas deixou claro que deve haver um amplo esclarecimento à sociedade sobre os pontos da reforma previdenciária, diante da apreensão quanto à perda de direitos e outras conquistas dos trabalhadores. Em troca da aprovação da reforma, o presidente acenou novamente com a liberação de recursos e a distribuição de cargos no ministério. O chefe do Executivo chegou a anunciar a possibilidade de trocar dezessete dos 28 ministros nas próximas semanas. A fim de reforçar a retaguarda parlamentar governista,Temer mobilizou governadores de vários Estados, com influência junto a bancadas,oferecendo compensações que têm sido reivindicadas mas que estão congeladas pelo Planalto.
Com a reforma ministerial ensaiada pelo presidente Temer ganham espaço os seis partidos que compõem o chamado Centrão, agrupamento que tem habilidade em barganhar votos de interesse do governo por vantagens. A revista “Veja” lembra que desde o arquivamento na Câmara da segunda denúncia contra Temer, os governistas cobram uma reforma ministerial. Como contrapartida à blindagem do presidente, exigem novos espaços na Esplanada dos Ministérios, abertos com o expurgo do PSDB, legenda cada vez mais dividida quanto à parceria com o governo. A atitude do tucano Bruno Araújo pedindo demissão do Ministério das Cidades abriu oportunidades para a recomposição de peças no tabuleiro político, de acordo com as versões procedentes de Brasília. Os partidos, além de se engalfinharem por espaços no governo, “queimam” supostos concorrentes.
Para aprovar a reforma da Previdência são necessários 308 dos 513 votos da Câmara dos Deputados. Quando do arquivamento da segunda denúncia contra Temer, formulada pela Procuradoria-Geral da República, o presidente contou com o apoio declarado de 251 deputados. Em tese, a votação mínima exigida para aprovar as mudanças previdenciárias pode ser alcançada se, entre outras coisas, o PSDB trabalhar unido a favor do texto. Essa hipótese ainda é considerada complicada pelo próprio governo, devido ao descontrole nas hostes do PSDB. No entendimento da colunista Dora Kramer, de Veja e O Estado de S. Paulo a reforma idealizada pelo presidente Temer não segue critério das obras de melhoria para o público, sendo baseada unicamente no fisiologismo político.
Nonato Guedes, com agências