Qualquer governador que pudesse anunciar posição privilegiada do Estado sob seu controle em itens como o equilíbrio fiscal e o equilíbrio financeiro,e além do mais uma posição privilegiada em termos de competitividade com outros Estados, já teria feito o discurso de candidato – a senador, por exemplo, em 2018. Ontem, o Centro de Liderança Pública revelou percentuais promissores em relação à Paraíba como a décima posição ocupada no ranking nacional de competitividade e a liderança quando o cenário é a região Nordeste. O resultado foi possível graças a avanços conquistados pelo Estado em diversas áreas do governo ao longo do ano passado.
E como reagiu o governador Ricardo Coutinho diante desses percentuais? Celebrou-os naturalmente, deu vazão a uma certa euforia com tão animadoras notícias, lembrou que não é fácil construir indicadores positivos em um cenário econômico adverso que tem sido experimentado em todo o país, com paralisação do aumento da receita por três anos consecutivos. Fora daí, o governador não extraiu qualquer ilação sobre efeito colateral benéfico que tais indicadores poderiam ter numa candidatura sua a cargo eletivo no próximo ano.
Ricardo manteve-se focado na exegese da administração que pilota, não nos dividendos políticos que isto pode acarretar para si e para aliados que compõem o seu agrupamento político. A preocupação do governador foi a de demonstrar que está cumprindo religiosamente o dever de casa, investindo apenas os recursos que estão garantidos em caixa, numa linha pragmática de austeridade que, por óbvio, elimina a compulsão perdulária que outros governantes demonstraram e ainda hoje demonstram. O governador da Paraíba reafirmou seus compromissos com os pontos cardeais que norteiam as boas administrações – e foi só.
O que se confirma, com atitudes desse tipo, é que o perfil característico de Ricardo Coutinho, um promissor quadro emergente na vida pública da Paraíba, do Nordeste e do Brasil, tem um viés essencialmente administrativo, refletido na vontade de fazer, de executar obras, e na possibilidade concreta de cumprir esse desideratum. Qualquer outro político, no seu lugar, puxaria brasa para a sardinha política. O próprio secretário de Planejamento do Estado, Waldson Sousa, definiu que os avanços alcançados e detectados em levantamentos rigorosos atestam o funcionamento de um projeto político real na Paraíba, sem parâmetros com gestões empalmadas por outros governantes.
Textualmente, definiu o secretário Waldson Sousa: “Em períodos anteriores não existia estrada, adutora, hospital, escola. Ou seja, não é possível que haja alguém leigo o suficiente para dizer que não houve avanços no governo de Ricardo Coutinho”. No caso em pauta, o problema não é nem a formação leiga de pessoas que produzem pérolas retóricas ou deitam falação sobre os mais distintos e complexos assuntos e mostrarem minimamente equipadas para tanto. O que é verdadeiro é curial, latente, indesmentível. Quem eventualmente brigar com fatos e tentar desqualificar o governo Ricardo Coutinho naquilo que efetivamente ele fez e faz, está agindo de profunda má-fé e dificilmente terá plateia para assegurar-lhe palmas pela”boutade” cometida.
Ainda na semana passada, lembrei neste espaço definição cunhada pelo ex-ministro Ibrahim Abi-Ackel sobre o falecido governador paraibano Tarcísio Burity: “Ele é um político não-convencional”, o que foi tomado como elogio ao estilo de ser do professor universitário que ascendeu por duas vezes à chefia do Executivo. Não sei se seria o caso de transplantar tal definição para a personalidade de Ricardo Coutinho. Mas que Ricardo é um político inteiramente atípico, lá isso é…
Nonato Guedes