Recém-exonerado, a pedido, da presidência do Instituto Nacional de Seguridade Social-INSS, o ex-deputado federal Leonardo Gadelha vai priorizar entendimentos familiares para pacificar o deputado estadual Renato Gadelha e o ex-prefeito de Sousa, André Gadelha, tio e primo, que pretendem concorrer à Assembleia Legislativa em 2018. Leonardo, que é filho do ex-senador Marcondes Gadelha e filiado ao PSC, presidido no Estado pelo seu pai, deixou o INSS para articular contatos políticos a fim de viabilizar sua candidatura para voltar à Câmara Federal.
Ele admitiu que a unidade familiar é um ponto importante para a sobrevivência política do grupo Gadelha, que é remanescente a partir da região de Sousa, no Alto Sertão, com ramificações em Campina Grande, onde Renato tem atividades profissionais e empresariais. Nos meios políticos, a saída antecipada de Leonardo Gadelha da direção do INSS foi considerada estratégica. Ele evita se expor ao fogo cruzado da reforma da Previdência, que o governo do presidente Michel Temer tenta aprovar a todo custo ainda este ano, ou, na pior hipótese, no próprio ano eleitoral de 2018.
Figuras ligadas a Leonardo acham que ele poderia passar por um processo desgastante caso se envolvesse diretamente na discussão da reforma previdenciária, que enfrenta resistências em segmentos da sociedade. As alegações que têm sido feitas pelos críticos são de que o governo tende a retirar direitos dos trabalhadores que seriam beneficiados pelo tempo de serviço e de contribuição à Previdência. A versão oficial do Palácio do Planalto é de que isso não acontecerá, acrescida da garantia de que a reforma somente será votada quando houver um consenso mínimo que possibilite a sua aprovação.
Ministros e especialistas do governo de Michel Temer têm sustentado que o Brasil não pode mais protelar o enfrentamento da questão da reforma da Previdência, levando-se em conta que em diversos países o sistema foi equacionado através de propostas e debates. As últimas notícias de Brasília dão conta de que a perspectiva de votação da reforma teria sido adiada para a segunda semana deste mês, em virtude da indefinição do Planalto sobre contar com apoio suficiente. A intenção inicial era colocar a proposta em discussão em plenário na próxima quarta-feira, mas o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, do DEM, informou a Temer que o placar favorável à iniciativa ainda é inferior aos 308 votos necessários, conforme o regimento. O ex-presidente do INSS, Leonardo Gadelha, já exerceu mandato de deputado federal e teve um desempenho considerado brilhante por analistas políticos. Ele argumenta que deseja voltar ao Parlamento para oferecer sua contribuição na discussão dos grandes temas nacionais que agitam a classe política.
Nonato Guedes