A mídia sulista comenta que em pelo menos três Estados, nas eleições de 2018, políticos do PT e do Democratas (DEM) deverão fazer coligação na chapa majoritária. Um desses Estados é a Paraíba, onde o Democratas, ex-PFL, poderá sufragar o nome do deputado federal petista Luiz Couto, enquanto petistas poderão sufragar o nome do ex-senador Efraim Morais.Os dois partidos estão aliados, no Estado, à orientação do governador Ricardo Coutinho (PSB), que já anunciou que não disputará vaga de senador, permanecendo no mandato até o último dia.
– Vamos recolher as armas e pensar numa conjugação de esforços – admite o deputado federal Efraim Filho, do DEM, salientando que considera normal a oficialização de aliança com o PT paraibano em virtude das peculiaridades locais. Efraim pai, que ocupou a primeira-secretaria do Senado, já esteve emparelhado com os petistas na campanha pela reeleição do governador Ricardo Coutinho em 2014. O clima entre petistas e democratas ou ex-pefelistas foi azedo em algumas ocasiões. No governo Lula, por exemplo, foi instaurada no Senado a CPI dos Bingos para apurar conexões do contraventor Carlinhos Cachoeira com empresas estatais.
O então senador Efraim Morais foi expoente principal da CPI dos Bingos, cujas investigações se desdobram para outra frente. O então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, incomodado com o destaque do noticiário , chegou a qualificar a Comissão de “CPI do fim do mundo”. Embora Lula e auxiliares tenham tentado desqualificar a CPI, insinuando que ela não apurou as denúncias que tinham sido arroladas, o senador Efraim Morais assegurou que houve avanços no trabalho produzido pelos parlamentares. Não obstante ter batido forte no PT nacional, Efraim foi quem deu posse a Luiz Inácio Lula da Silva no seu primeiro mandato, instalado em 2003. É que Morais exercia a primeira vice-presidência da Câmara. O então presidente, Aécio Neves, do PSDB, teve que renunciar ao posto para assumir o governo de Minas Gerais, e Efraim ascendeu por gravidade, com a missão de dar posse ao petista.
O fiador de alianças entre opostos na Paraíba é o governador socialista Ricardo Coutinho, que atraiu PT e DEM para o apoio à sua candidatura. Coutinho também prestigiou os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff por ocasião de visitas ao Estado, uma das quais para visita às obras do projeto de transposição de águas do rio São Francisco, na região do cariri paraibano. Ricardo foi deputado estadual pelo PT mas se desfiliou da legenda alegando ter sido sabotado na tentativa de ser candidato do petismo a prefeito de João Pessoa. Ele acabou migrando para o PSB, que tinha como presidente o ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos.
Oficialmente, o deputado federal Luiz Couto é o postulante mais ostensivo a uma vaga de senador em 2018. Efraim Morais ainda não aprofundou a hipótese de concorrer ao Senado e tem dito que a prioridade é reeleger o seu filho, Efraito, deputado federal. Interlocutores políticos de Efraim observam que se o governador Ricardo Coutinho mantiver a decisão de não ser candidato ao Senado, Efraim pode considerar mais seriamente a alternativa de voltar a disputar mandato político. O partido possui representação legislativa e detém controle de prefeituras, mas o ex-senador Efraim salienta que está empenhado em estruturar e fortalecer o Democratas mais ainda.
Nonato Guedes