Posto em liberdade, após mais de quatro meses recolhido ao Quinto Batalhão da PM em João Pessoa, o prefeito afastado de Bayeux, Berg Lima (sem partido) afirmou, ontem, que vai provar que foi vítima de uma “armação” no episódio em que foi flagrado e filmado recebendo envelope com dinheiro entregue por um empresário da cidade, que cobrava pagamento por serviços prestados à edilidade. As declarações de Berg Lima foram prestadas, ontem, à rádio 98 FM, do Sistema Correio de Comunicação. Conforme sua versão, o dinheiro contido no envelope era parte do pagamento de empréstimo que ele havia concedido ao empresário, que por sua vez o procurou alegando dificuldades financeiras.
O prefeito afastado relatou ter sofrido com resiliência e fé quando esteve preso desde o flagrante do dia 5 de julho até a noite da última terça-feira. Nos instantes de aflição, no presídio, procurava conforto em um versículo do Evangelho de São João: “No medo, tereis aflição, mas tende bom ânimo”. Contou que a “armação” dos seus adversários é perceptível no vídeo, na íntegra e sem cortes, que registra a conversa sua com o empresário. À certa altura, ele pede desculpas ao empresário. “Eu não sabia do que se tratava. A perseguição foi tanta que amigos, correligionários e eleitores meus que tentaram realizar um culto em minha homenagem, na praça pública, foram impedidos pela prefeitura.
Berg Lima foi preso numa operação do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime (Gaeco) e da Polícia Civil. Teria recebido R$ 4 mil do empresário, que denunciou extorsão. A propina seria uma compensação para a liberação de créditos que o empresário denunciante teria a receber do erário de Bayeux. Para lograr provar sua inocência e reassumir a prefeitura, Berg Lima conta com o apoio de alguns vereadores, em cuja lucidez para analisar os fatos acredita. Para ele, a população de Bayeux ficou estarrecida, sobretudo porque não há prova consistente do seu envolvimento com o recebimento de propina. O cargo passou a ser ocupado pelo vice Luiz Antônio, do PSDB, que ultimamente também foi vítima de denúncias de recebimento de vantagens ilícitas. Berg foi expulso do “Podemos” por decisão da cúpula nacional do partido que considerou seu comportamento inadmissível com os princípios da legenda.
O prefeito afastado de Bayeux, cidade da região metropolitana de João Pessoa, afirmou ter sido bem tratado no Quinto Batalhão da PM em Mangabeira mas garante que não recebeu qualquer tipo de privilégio. Elogiou a PM pelo tratamento humano que diz ter sido dado a ele enquanto esteve preso e rechaçou a versão de que teria tentado suicídio. “A prioridade, agora,é provar minha inocência. Se o povo fosse às ruas protestar contra Berg Lima, eu renunciaria. Mas confio em que os fatos serão elucidados e que os verdadeiros culpados serão punidos”, concluiu.
Nonato Guedes