O jornalista Phelipe Caldas está deixando a editoria paraibana do GloboEsporte.com. Ele só fica na empresa até 31 de dezembro.
Caldas está fazendo mestrado em Antropologia e, segundo ele, não está dando para conciliar com as atividades jornalísticas. “Deixo a empresa aos prantos. Como quem deixa a melhor segunda casa que já teve em vida. Deixo a empresa com coração apertado e pedindo aos meus saudosos pais que me guiem e me protejam frente ao desconhecido”, escreveu ele em sua página no facebook.
A pesquisa dele no Mestrado é sobre a torcida do Botafogo-PB. “Em que pese eu já ter iniciado minha pesquisa, percebo que as duas atividades – mestrado pesquisando torcidas e editor de esportes – são cada vez mais incompatíveis, uma vez que ambas me exigem estar em locais diferentes nos mesmos horários de jogos”, postou.
Veja abaixo a sua postagem:
Oficializei hoje o meu pedido de demissão da editoria paraibana do GloboEsporte.com, de forma que só fico na empresa até 31 de dezembro.
E sim, amigos, eu tenho consciência de que faço uma aparente loucura. Tenho consciência de todas as pessoas que me aconselharam a não fazer o que faço hoje. Tenho consciência também de que, dando errado o meu projeto, a culpa é minha e somente minha.
Mas, ao mesmo tempo, é chegada a hora de levar outros sonhos adiante.
E, antes de qualquer outro assunto, sinto-me na obrigação de, logo de início, agradecer a minha Pollyzinha (Pollyana) pelo apoio neste momento. Pouquíssimas pessoas conseguem ser companheiras como ela consegue. Parceira. Guerreira. E eu só tenho a agradecê-la!
Sigamos…
O fato é que eu estou completamente apaixonado e hipnotizado pelo meu mestrado em Antropologia. Pesquiso a torcida do Botafogo-PB e isso me obriga a estar nas arquibancadas do Estádio Almeidão sempre que o time estiver em campo.
Comecei a fazer isso em 2017, pretendo seguir fazendo em 2018.
E, em que pese eu já ter iniciado minha pesquisa, percebo que as duas atividades – mestrado pesquisando torcidas e editor de esportes – são cada vez mais incompatíveis, uma vez que ambas me exigem estar em locais diferentes nos mesmos horários de jogos.
É atendendo a convicções éticas e profissionais, portanto, e por uma questão de escolha, por uma questão de respeito aos meus colegas de redação, que tomei minha decisão. Uma das mais difíceis da minha vida.
Troco os tempos reais pela arquibancada. A reportagem pela pesquisa. A observação de fora pela observação participante. O sonho pelo sonho. Opa! Pois é! Sou daqueles que não deixam nunca de sonhar.
E é sonhando com o futuro que eu preciso agradecer. É chavão, eu sei. Mas vamos lá. Não posso citar nomes porque tenho um tremendo medo de esquecer alguém. Então escolho um para agradecer em nome de todos.
E, como não poderia ser diferente, agradeço enormemente ao companheiro Expedito Madruga por ter me convidado a retornar à empresa em 2011 e por todos esses anos de amizade e parceria. Nunca vou esquecer da frase que ouvi dele certa vez, ainda no tempo do velho Jornal da Paraíba: Phelipe é o único a quem confio a minha coluna.
Isso não é pouco!
Citando Expedito, eu estou citando todos os grandes amigos da Rede Paraíba de Comunicação. Os do atual time e os que já passaram por nós. Saio certo de que foi uma bela de uma caminhada. Uma luta bem lutada. Bravamente lutada. Que chega ao fim para mim, mas que segue sendo lutada heroicamente pelos que continuarão por aqui.
De minha parte, deixo como legado três prêmios, um livro, um blog que durante seis anos repercutiu enormemente, um processo judicial (ganho), um título de persona non grata em câmara municipal de cidade de interior, um coro em estádio lotado de Phelipe Caldas, viado, e uma centena de outras boas histórias. Muito choro, muita alegria, muito sangue, muito amor por aquilo que fazíamos diariamente.
Cobri o acesso do Belo, o título da Série D, a conquista do Nordeste pelo Campinense, os Jogos Olímpicos de 2016, seis títulos estaduais, o quase acesso do Treze num Arruda lotado, a briga épica do Galo nos tribunais e que por mais de dois meses paralisou as séries C e D do Brasileirão.
A propósito, acho que vou colocar no meu currículo: jornalista que aguentou a pressão de ver veículos como Folha, Estadão, Lance, UOL e ESPN publicarem em 2012 que o Treze tinha sido desfiliado do futebol em pleno Congresso da Fifa e que, depois de duas horas, depois de ter ligado para a Fifa e para a metade do Brasil até conseguir falar com o então diretor de comunicação da CBF, que por sinal estava na Alemanha, noticiou corretamente que o Caso Treze tinha virado assunto no tal congresso, mas que nenhuma decisão de desfiliação havia sido tomada.
Enfim, foi uma jornada e tanto, camaradas. Obrigado a todos os repórteres que passaram pela equipe neste período. A todos os estagiários que de alguma forma eu ajudei a formar como profissional. A todos os amigos que levo no coração para todo o sempre. Cada um de vocês me fazem ver que foram anos incríveis.
Deixo a empresa para poder pesquisar o esporte. Mas de olho em eventuais oportunidades que me permitam ter livre os horários de jogos do Botafogo.
Deixo a empresa aos prantos. Como quem deixa a melhor segunda casa que já teve em vida. Deixo a empresa com coração apertado e pedindo aos meus saudosos pais que me guiem e me protejam frente ao desconhecido.
Que seja linda e cheia de boas aventuras esta nova jornada que se inicia.