O governo do presidente Michel Temer admite fazer concessões para aprovar na Câmara Federal a polêmica reforma da Previdência, que enfrenta obstáculos no seu próprio partido, o PMDB. A cúpula do partido deve fechar questão pela aprovação do projeto mas não fala mais em aplicação de punições contra parlamentares rebeldes, a exemplo do paraibano Veneziano Vital do Rêgo, que já havia sofrido sanções disciplinares, como o afastamento de atividades burocráticas na Executiva nacional, por ter votado pelo prosseguimento da investigação da PGR sobre suposta corrupção passiva do presidente da República.
As versões procedentes de Brasília indicam que o presidente está empenhado em fomentar uma “onda de otimismo” entre os deputados e acenou com a hipótese de reduzir o piso de apoios necessários para colocar a reforma da Previdência em votação na próxima semana. Em vez dos 330 votos fixados antes, o Planalto já estaria admitindo fazer isso com 290 votos apenas. O patamar é inferior aos 308 sufrágios necessários para aprovação do texto pela Casa, composta por 513 integrantes. O deputado Beto Mansur (SP), aliado de Temer, já reconhece que o governo terá que trabalhar até o último minuto para conquistar votos.
– Vamos trabalhar como trabalhamos em outras oportunidades, a exemplo da votação do impeachment. Trabalhamos virando votos até o dia da votação – revelou Mansur, dando detalhes de como funciona a estratégia palaciana. A ideia do Planalto foi rejeitada, contudo, pelo presidente da Câmara Federal, Rodrigo Maia, do DEM, responsável por agendar a votação. “Se não tiver voto, melhor não votar”, prognosticou o parlamentar. E emendou: “Não vou votar com expectativa de derrota”. Os partidos da base aliada evitaram fazer promessas a Temer de fechamento da questão. Só o PMDB e o PTB fecharam questão ontem. PP, PSD e PR ainda fazem seus cálculos.
Nonato Guedes, com Folhapres