O presidente estadual do PSDB, Ruy Carneiro, afirmou que a posição da maioria dos tucanos da Paraíba é pelo rompimento com o governo do presidente Michel Temer e o consequente “desembarque” com a entrega de cargos ocupados em ministérios e outros órgãos. Ainda ontem, o “desembarque” foi reforçado com a saída de Antonio Imbassahy da Secretaria de Governo. Aguarda-se uma definição oficial do partido hoje,em Brasília, por ocasião da Convenção Nacional que irá aclamar o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, como novo presidente.
– O afastamento do PSDB do governo deveria ter ocorrido desde o meio do ano, quando ocorreu a primeira denúncia contra o presidente Michel Temer, formulada pela Procuradoria-Geral da República, e boa parte da bancada votou pelo prosseguimento das investigações, a exemplo do deputado Pedro Cunha Lima – enfatiza o ex-deputado federal Ruy Carneiro. Em Brasília, as articulações autorizadas diretamente por Temer são no sentido de dividir e enfraquecer o PSDB. O presidente chegou a dizer que o PSDB foi um grande colaborador da sua gestão em quase um ano e meio e acrescentou que a saída dos tucanos da base seria um processo cortês e elegante.
O primeiro discurso de Geraldo Alckmin como dirigente do PSDB pregará a unidade partidária e deverá conter elementos de antipetismo, responsabilizando as gestões Lula e Dilma Rousseff por mazelas econômicas e episódios de corrupção. A fala deverá ocorrer ao fim da Convenção Nacional hoje em Brasília. Alckmin topou presidir o partido num movimento para evitar que o partido rachasse entre a ala mais jovem, capitaneada pelo senador Tasso Jereissati e o grupo do governador Marconi Perillo, de Goiás. Além de ganharem cargos na divisão do butim do poder, ambos serão alvos de deferência do tucano em seu discurso. O partido ainda tenta demover Aécio Neves, presidente licenciado desde que foi atingido pela delação da JBS em maio e fonte de grande desgaste junto à opinião pública, de participar da convenção. Os tucanos temem danos à imagem de Alckmin na primeira grande fotografia da campanha.
Geraldo Alckmin se dispõe a ser o candidato do PSDB a presidente da República no próximo ano. Na chamada parte presidencial do discurso previsto para hoje à noite em Brasília, ele deverá seguir a abordagem híbrida sugerida em documento coordenado pelo ex-senador José Aníbal e endossada pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. FHC foi defensor do movimento para colocar Alckmin na chefia do partido, apregoando que além de ajudar a unificar a legenda, garante mídia para os tucanos.
Nonato Guedes