O ex-ministro e presidenciável Ciro Gomes, do PDT, que profere palestras hoje à tarde e à noite em Campina Grande e João Pessoa sobre a conjuntura nacional, indicando o que considera novos rumos para o país, é demonizado pelos petistas em virtude dos ataques que tem dirigido ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No mais recente comentário, a respeito do julgamento, em janeiro, do ex-presidente Lula pelo Tribunal Regional Federal da Quarta Região, Ciro Gomes foi enfático: “Justiça boa é Justiça rápida”, o que irritou eleitores petistas e adeptos declarados do ex-mandatário.
Gomes, que foi governador do Ceará e ministro da Integração, é conhecido pelo estilo polêmico e procura agir como franco-atirador – tanto critica Lula e o PT como ataca o governo do presidente Michel Temer, do PMDB, que foi investido com o impeachment de DilmaRousseff. Em certa ocasião, o ex-ministro fustigou duramente o ex-presidente Lula, insinuando que ele tenta mostrar inocência quanto a acusações que lhe são feitas, apesar de todas as evidências de participação em irregularidades. As críticas do pedetista se estendem a programas e políticas que as gestões de Lula e Dilma colocaram em prática e que, na sua opinião, não significaram grandes avanços diante das soluções que o PT apregoa para a problemática brasileira.
Nos últimos anos, Ciro tem aprofundado canais com representantes do empresariado de São Paulo, dentro da estratégia para dar mais consistência à sua candidatura numa disputa que deverá ser bastante complicada, com a ausência do “caixa dois”e restrições mais severas por parte da Justiça Eleitoral. Em paralelo, o ex-ministro da Integração acompanha, preocupado, o sentimento de descrença em relação aos políticos por parte de parcelas expressivas do eleitorado brasileiro. Nas suas intervenções, ele tenta se diferenciar de políticos de outros partidos que foram alcançados pela Lava-Jato ou que são considerados “fichas sujas”. Não há favoritismo crescente de Gomes nas pesquisas sobre intenção de voto para a presidência da República.
As preferências estão monopolizadas, a dados de hoje, pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pelo deputado federal Jair Bolsonaro, que simbolizariam extremos ideológicos, à esquerda e à direita. Lula ainda tem um longo caminho jurídico a percorrer para conseguir registrar sua candidatura, já que foi condenado pelo juiz Sérgio Moro a nove anos de prisão. A cúpula nacional petista examina alternativas para a hipótese de empecilho a uma virtual candidatura de Lula, entre as quais o boicote às eleições gerais em todo o país, com o não lançamento de representantes do Partido dos Trabalhadores aos diferentes cargos em disputa. Adversários teóricos de Lula, como o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, do PSDB, evitam defender a tese da inelegibilidade dele com a consequente prisão. Alegam preferir derrotá-lo nas urnas. O cenário é imprevisível quanto à viabilidade de candidaturas para a sucessão de Temer, que, inclusive, cogitou partir para uma candidatura na hipótese de resultados positivos da política econômica do seu governo.
Nonato Guedes