Num rápido pronunciamento dirigido aos brasileiros na noite de ontem, veiculado em emissoras de televisão e de rádio, o presidente da República, Michel Temer, buscou passar uma mensagem otimista, referindo-se a conquistas que estariam sendo alcançadas para a recuperação da atividade econômica do país. Reconheceu que o cenário de desemprego ainda é preocupante, mas se referiu a medidas que tem sido tomadas pelo governo, a exemplo da liberação de verbas do FGTS e do PIS que estavam retidas nos cofres federais. A preocupação maior do peemedebista foi a de passar a impressão de que os obstáculos estão sendo superados. À certa altura, o presidente afirmou que está mais barato viver no Brasil e que a tendência é continuar havendo uma descompressão nos índices do custo de vida.
Temer não deixou de mencionar a grande e espinhosa batalha que o seu governo trava junto ao Congresso Nacional com vistas à aprovação da reforma da Previdência, que contém pontos controversos e questionados por segmentos da sociedade. Ele reiterou a urgência e a importância da reforma da Previdenciária, mencionando que a Argentina viabilizou esse feito recentemente porque houve um consenso no sentido de que a questão deveria ser encarada para assegurar conquistas e preservar direitos de gerações de trabalhadores. Sugeriu Temer que o comportamento do Congresso argentino sirva de exemplo para a Câmara e o Senado no Brasil e que haja mais sensibilidade dos políticos para com a própria reivindicação da sociedade por mudanças estruturais.
O presidente da República avaliou que muitas coisas que estavam erradas estão sendo colocadas nos eixos como parte do esforço de reconstrução que tem encetado, juntamente com a sua equipe e com a colaboração de setores vinculados ao negócio produtivo no Brasil. Ele descartou o recurso ao que chamou de soluções populistas e demagógicas, asseverando que as medidas que estão sendo tomadas levam em conta análises realistas da conjuntura e a identificação de gargalos que precisam ser removidos porque estão entravando a execução de políticas de crescimento e de desenvolvimento econômico-social.
Por estratégia, Temer evitou menção às eleições do próximo ano, especialmente à definição sobre se disputará ou não a reeleição ao cargo. As informações de agências noticiosas do sul do país indicam que a mulher do presidente, Marcela Temer, é contrária à disputa de um mandato por parte do marido, diante do desgaste que uma campanha eleitoral representa e das tentativas de revanchismo que serão perseguidas pelo PT. Em conversas informais com interlocutores de confiança, Temer estaria condicionando uma candidatura própria ao desempenho da econômica, sobretudo, aos resultados promissores que possam advir. Mas há um Plano B dentro do governo, que consiste no lançamento da candidatura do ministro da Fazenda, Henrique Meireles, do PSD, diante da tranquilidade que ele infunde ao mercado e das ações que tem empreendido para dotar a gestão Temer de marcas que a diferenciem de governos anteriores.
Nonato Guedes, com agências