Tida pelos analistas políticos como atípica e acirrada, a disputa que se prenuncia pela presidência da República, na eleição prevista para outubro de 2013, já registra, até agora, cerca de dez pré-candidatos de partidos e tendências distintas. Muitos dos postulantes estão pendentes da solução de problemas, caso do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, cujo julgamento pelo Tribunal Regional Federal da Quarta Região, por corrupção passiva, está programado para janeiro. Lula corre o risco de ser declarado inelegível, embora seus advogados assegurem não haver documentos capazes de incriminá-lo e afastá-lo do páreo.
Expoentes carimbados de pleitos presidenciais são cogitados para o próximo ano, como o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, do PSDB. O deputado federal Jair Messias Bolsonaro aparece em algumas pesquisas de intenção de voto em segunda posição mas a uma boa distância de Lula. Bolsonaro tem posições extremistas identificadas com a direita, mas procura capitalizar os votos de eleitores insatisfeitos e descrentes da política, em virtude dos escândalos que levaram alguns notáveis a prisões. Apostando no efeito recall, o ex-governador do Ceará e ex-ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes, pretende candidatar-se a presidente pelo PDT. Ele já marcou presença na primeira eleição presidencial pós-regime militar, em 1989, não logrando, contudo, ir para o segundo turno.
O presidente Michel Temer (PMDB), que assumiu com o impeachment de Dilma Rousseff, oscila entre disputar ou não um mandato, o que equivaleria, no seu caso, a uma reeleição. A primeira-dama do país, Marcela, mulher do presidente, se diz contrária à sua participação no pleito, temendo episódios de baixaria política. Ela toma como exemplo a gravação de uma conversa com Temer, em Palácio, feita pelo empresário e delator Joesley Batista, que está preso, na qual o presidente teria concordado com o prosseguimento do pagamento de propinas ao ex-deputado Eduardo Cunha (RJ) em troca de seu silêncio na Operação Lava Jato. Em Brasília, afirma-se que o Plano B de Temer seria o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, do PSD, que seria bafejado pela retomada do crescimento econômico e dos empregos, além do controle da inflação. A questão ainda está em banho-Maria.
Nas últimas horas, o presidente da Câmara Federal, Rodrigo Maia, do DEM-RJ, passou a admitir a hipótese de concorrer a presidente da República, embora ele seja mencionado na Operação Lava Jato. O banqueiro João Amoêdo, do Partido Novo, o presidente do PSC, Paulo Rabello de Castro, a deputada estadual Manuela DAvilla, do PCB, são outros nomes que deverão figurar na corrida presidencial, bem como os chamados postulantes folclóricos como o cirurgião plástico Roberto Miguel Rey Júnior, o Dr. Rey, e a ex-apresentadora do Jornal Nacional Valéria Monteiro, sem falar no eterno presidenciável José Maria Eymael, do PSDC.
Nonato Guedes