O economista paraibano e ex-ministro da Fazenda do governo José Sarney, Maílson da Nóbrega, admite que a reforma da Previdência proposta pelo governo do presidente Michel Temer está longe de resolver o problema do elevado déficit público que colocou o Brasil na perigosa rota da insolvência fiscal, mas advertiu que a reforma é necessária para combater privilégios de uma casta. Ele critica a falta de transparência no debate com a sociedade em torno do assunto, que tem causado controvérsias.
Conforme o jornal Correio da Paraíba, Maílson da Nóbrega enfatizou: Quando consideramos os déficits dos diferentes regimes previdenciários INSS e servidores públicos de todas as esferas de governo o déficit deve passar de R$ 300 bilhões em 2017, ou quase 5% do PIB. Somadas as demais contas deficitárias do setor público, o déficit total deve ser da ordem de 9% do PIB este ano. É seguramente um dos mais altos do mundo, aponta o ex-ministro. Maílson afirma ainda que dados mais recentes das estatísticas de pessoal, divulgados pelo Ministério do Planejamento, mostram que a média das aposentadorias do Judiciário Federal é de cerca de R$ 30 mil mensais; no Legislativo, R$ 28 mil e no Ministério Público R$ 27 mil. Situação parecida também se verifica nos Estados.
– Isto é um verdadeiro escândalo, quando se considera que a média de aposentadoria dos trabalhadores do setor privado é de apenas R$ 1,2 mil por mês critica Maílson. E prossegue: Num país em que um quarto da população vive abaixo da linha da pobreza, custa crer que parcelas mais esclarecidas da sociedade ainda não tenham se convencido de que a reforma previdenciária é indispensável, de que é preciso combater os privilégios de uma casta e de que é necessário evitar uma rejeição da reforma, que prejudicaria particularmente os pobres. Maílson receia que a rejeição da reforma traga de volta a inflação descontrolada, da qual, como se sabe, os menos favorecidos não conseguem se proteger.
Salienta que além de uma nova reforma da Previdência o próximo governo precisará lutar por uma modificação das regras de vinculação de receitas e despesas de educação e saúde e outros gastos obrigatórios, com vistas a reduzir o engessamento orçamentário e dar passos adicionais para que o déficit público possa cair a níveis sustentáveis algo como 3% do PIB ou menos. O presidente da Federação do Comércio da Paraíba, Marcone Medeiros, afirmou que assim como a reforma trabalhista a da Previdência é uma necessidade e deve ser aprovada logo. A reforma trabalhista não tirou direitos dos trabalhadores e, ao contrário do que se pensa, criou mecanismos e oportunidades para a geração de novos empregos, sendo necessário que se estenda isso, finalizou Medeiros.