O presidente Michel Temer (PMDB) fez de tudo para colocar em votação este ano, no plenário da Câmara dos Deputados, a reforma da Previdência, mas o esforço foi inútil diante da resistência de muitos parlamentares, inclusive, da própria base governista, a pontos controversos da mudança. Acionado inúmeras vezes por Temer para ajudá-lo na aceleração da votação e na consequente aprovação da reforma, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, do DEM-RJ, adotou uma postura pragmática e agendou a sessão para dezenove de fevereiro.
Quando a reforma trabalhista entrou em vigor em 11 de novembro, o presidente Temer apressou-se em celebrar a recuperação do emprego no Brasil. Tudo indica que teremos um Natal melhor, com mesa mais farta, apregoou Temer em vídeo divulgado nas redes sociais. Adversários do governo afirmam, contudo, que a alegada modernização das relações trabalhistas apenas legalizou contratos precários, como os que preveem jornadas intermitentes, remuneradas pelas horas trabalhadas. Em relação à reforma da Previdência, o próprio líder do governo no Senado, Romero Jucá, admitiu que estava difícil um consenso e que a proposta só deveria ser apreciada mesmo em 2018. Antes de ser internado em São Paulo no dia 13 para uma cirurgia de desobstrução da uretra, Temer fez o que pôde para destravar a reforma, que é rejeitada por 85% dos brasileiros, conforme recente pesquisa CUT/Vox Populi.
A revista CartaCapital informa que os ministros Alexandre Baldy, das Cidades, Helder Barbalho, da Integração Nacional e Dyogo Oliveira, do Planejamento, foram mobilizados para acelerar a liberação de recursos de emendas parlamentares. Todas as articulações encaminhadas, entretanto, não resultaram favoravelmente. O PSDB decidiu fechar questão a favor da reforma da Previdência mas não há garantia de fidelidade dos 46 deputados da bancada tucana. A decisão da Executiva teve caráter simbólico, uma vez que não haverá punições a eventuais deserções. Mas todo o empenho será redobrado a partir do começo de janeiro para garantir os votos necessários de que o Planalto precisa.
Nonato Guedes